Darci Alves, hoje chamado Pastor Daniel, matou ambientalista em 1988, cumpriu pena, e optou por carreira religiosa, primeiro, e política, agora, em Medicilândia, no norte do Brasil.
Ambientalista, ativista político e vencedor do prémio Global 500, da ONU, pela ação a favor da preservação da floresta amazónica, Chico Mendes, o mentor da hoje ministra Marina Silva, foi assassinado, em 1988, à porta de casa, em Xapuri, no Acre, aos 44 anos, por fazendeiros da região. O autor dos disparos da espingarda de calibre 22 foi Darci Alves, agindo em nome do pai, o poderoso usurpador de terras Darly Alves.
Quase 36 anos após o crime, Darci, condenado, ao lado do pai, a 19 anos de cadeia, da qual se evadiu em 1993 para ser recapturado em 1996, tomou posse a 26 de janeiro deste ano como presidente do Partido Liberal (o PL de Bolsonaro) de Medicilândia, cidade no estado vizinho do Pará que homenageia Emílio Garrastazu Médici, considerado o mais brutal dos presidentes brasileiros da ditadura militar.
Em vez de usar o nome de batismo, o assassino de Chico Mendes é hoje conhecido por Pastor Daniel, por se ter convertido ao protestantismo, através da Igreja Assembleia de Deus Última Hora. Nas redes sociais, apresenta-se como “esposo, pai, avô e político, pecuarista e agricultor há mais 30 anos”, além de se declarar patriota, bolsonarista e sugerir que todos coloquem “Deus no nosso meio”.
Sem dar entrevistas, respondeu à emissora Globonews, por mensagem, que é “presidente, sim, do PL de Medicilândia”. “Algum problema?”, perguntou.
A repercussão da posse de Darci Alves/Pastor Daniel, entretanto, tornou-se mesmo um problema e levou o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, condenado no escândalo do Mensalão, na década passada, e investigado nos últimos dias por suposto envolvimento na tentativa de golpe de estado de Jair Bolsonaro e aliados de 2022, a pedir a Eder Mauro, presidente do PL no Pará, para destituir o líder do partido em Medicilândia.
Ainda não houve desenvolvimentos após esse pedido.