Sondagem DN, JN e TSF
14 julho 2024 às 09h03
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PS à frente num país ancorado à Direita. Chega já recuperou do trauma europeu

Socialistas têm dois pontos de vantagem sobre a AD, mas portugueses confiam mais em Luís Montenegro do que em Pedro Nuno Santos para primeiro-ministro.

Os socialistas (29,5%) ficariam à frente da Aliança Democrática (27,6%) se o país fosse de novo para eleições, ainda que os portugueses tenham mais confiança em Luís Montenegro (37%) do que em Pedro Nuno Santos (28%) quando está em causa o cargo de primeiro-ministro. A sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF aponta também para a possibilidade de o Chega ter ultrapassado o “trauma” das europeias, voltando ao patamar das últimas legislativas (17,5%). Os liberais ficariam a meio caminho relativamente aos dois últimos atos eleitorais (7,1%). Fecham a tabela o BE (4,6%), o Livre (4,1%), a CDU (3,5%) e o PAN (2,5%).

É um país ancorado à direita aquele que o barómetro reflete neste início de verão (o trabalho de campo decorreu entre 3 e 8 de julho). Os quatro partidos desse lado do espetro político (PSD, CDS, Chega e IL) somam mais oito pontos do que os cinco mais à esquerda (PS, BE, Livre, CDU e PAN). Mas o retrato do país político não é necessariamente igual nas suas diferentes partes. Em nenhum caso é mais evidente essa diferença do que no género.

Mulheres à esquerda

Se dependesse apenas das mulheres, e num cenário de eleições legislativas, seria a esquerda a conseguir uma maioria no Parlamento (somaria 54 pontos percentuais). Essa implantação no feminino é particularmente acentuada no PS, no BE e no PAN. Ao contrário, se fossem apenas os homens a votar, a vitória à direita seria esmagadora (somaria 61 pontos), com destaque para a testosterona do Chega (eles mais do que duplicam o voto delas) e, numa proporção bem menos acentuada, da AD.

Detetam-se diferenças igualmente significativas quando o ângulo de análise é a idade dos eleitores. Nos dois primeiros escalões etários da amostra (18/34 e 35/49 anos), a vantagem da direita é de 19 pontos percentuais. Entre os que têm 50 a 64 anos essa vantagem cai para apenas três pontos. Mas entre os portugueses mais velhos (65 ou mais anos) o cenário inverte-se, com a esquerda a somar mais cinco pontos do que a direita.

No que diz respeito à luta pelo primeiro lugar, são de novo os socialistas que levam ligeira vantagem sobre a coligação de direita. Se nas legislativas de março a AD conseguiu uma vantagem de oito décimas (e mais dois deputados), nas europeias de junho foi o PS que conseguiu mais um ponto (e mais um eurodeputado). Um mês depois, e se houvesse eleições para a Assembleia da República, a sondagem aponta para um empate técnico (tendo em conta a margem de erro de 3,5%), com vantagem para os socialistas, que somam mais dois pontos do que PSD/CDS.

Nesta disputa também  se percebe que há várias fronteiras a dividir as duas maiores forças políticas: as geográficas, desde logo com a AD à frente no Norte, Porto e Centro, enquanto o PS lidera em Lisboa e no Sul; no género, uma vez que os homens dariam a vitória a Luís Montenegro, enquanto as mulheres apostariam em Pedro Nuno Santos, e nas faixas etárias, com a coligação de direita a levar a melhor nos eleitores até aos 49 anos e os socialistas em vantagem dos 50 anos em diante.

Jovens com o Chega

Numa sondagem em que se percebe que as oscilações da maioria das forças políticas são relativamente reduzidas face aos dois últimos atos eleitorais, há um partido que se destaca: o Chega. Depois da queda abrupta nas europeias (caiu para quase metade em termos percentuais), regressa ao patamar que tinha conseguido nas legislativas de março. E ficaria até em primeiro lugar entre os eleitores de 18 a 34 anos, ainda que apenas meio ponto percentual acima da Aliança Democrática.

Esta capacidade do partido de André Ventura de atrair os mais jovens não é inédita em sondagens. Mas há, desta vez, um outro segmento em que revela um poderio bastante acima da média: entre os homens ficaria em segundo lugar, quase um ponto percentual à frente dos socialistas (24,3%). Uma força que revela também uma debilidade, uma vez que o apelo dos radicais de direita junto das mulheres é substancialmente menor (10,4%), ou seja, fica a 14 pontos da AD e a 25 pontos do PS.

Outros dados

Bloco Central: Quanto mais velho o eleitor, melhor o resultado do PS. A AD não tem um percurso tão linear ao longo da pirâmide, mas é também entre os que têm 65 ou mais anos que consegue a percentagem mais elevada.

Jovens à Direita: Chega e IL registam um percurso etário inverso ao dos socialistas. Quanto mais novo o eleitor, maior a percentagem. No caso dos liberais, até duplicam o resultado global entre os 18/34 anos.

PAN no feminino: Se o Chega é um partido com um peso desproporcional de eleitores masculinos, o PAN é o que mais depende das mulheres. Nesta sondagem elas são sete vezes mais numerosas do que eles. 

Liberais a Norte: É no Norte e no Porto que a IL tem os seus bastiões. O BE destaca-se no Centro, o Livre no Porto, a CDU no Sul e o PAN no Norte e em Lisboa. Todos longe do Chega, cujo melhor resultado é no Norte e no Centro. 

Montenegro à frente: Na confiança para primeiro-ministro, os melhores resultados de Luís Montenegro são no Norte (42%) e no Porto (41%), entre os mais velhos (47%) e entre os que votam na AD (84%).

Apoio da ‘geringonça’: No jogo da confiança, Pedro Nuno Santos só vence no Sul e nos 50/64 anos (e por apenas um ponto). No voto partidário tem o apoio dos socialistas (69%), bloquistas e comunistas.

rafael@jn.pt

FICHA TÉCNICA
 
Sondagem de opinião realizada pela Aximage para DN/JN/TSF sobre temas da atualidade nacional política. Universo: indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região. A amostra teve 801 entrevistas efetivas: 682 entrevistas online e 119 entrevistas telefónicas; 390 homens e 411 mulheres; 176 entre os 18 e os 34 anos, 215 entre os 35 e os 49 anos, 197 entre os 50 e os 64 anos e 213 para os 65 e mais anos; Norte 285, Centro 177, Sul e Ilhas 110, A. M. Lisboa 229. Técnica: aplicação online (CAWI) de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para pessoas com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas (CATI) do mesmo questionário ao subuniverso utilizado pela Aximage, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros. O trabalho de campo decorreu entre 3 e 8 de julho de 2024. Taxa de resposta: 75,32%. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +/- 3,5%. Responsabilidade do estudo: Aximage, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.