Marcada para amanhã, a greve da Administração Pública convocada pela CGTP contará com a adesão da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), em representação dos sindicatos que a integram. Para além dos docentes, também os não docentes e funcionários escolares poderão não se apresentar ao serviço. Em declarações ao DN, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), antevê constrangimentos, principalmente nas escolas de pré-escolar e 1.º ciclo. “Estas greves perturbam muito mais as escolas de 1º ciclo e pré-escolar porque há menos funcionários e apenas um professor por cada turma e facilmente as escolas fecham”, explica.
Para a FENPROF, esta paralisação respeita o disposto no artigo 57.º da Constituição da República Portuguesa e, por isso, “não há necessidade, nem lugar, à fixação de serviços mínimos”.
Segundo Filinto Lima, caberá “ao diretor de cada escola tomar uma decisão sobre o encerramento ou não do estabelecimento de ensino, tendo em conta o grau de adesão à greve”. Questionado sobre o timing em que esta greve tem lugar (ainda no decorrer das negociações entre o Ministério da Educação e os sindicatos), o presidente da ANDAEP acredita que a paralisação possa servir para “dar força às negociações”. “Estamos a meio das negociações com o ME. Foram feitas duas reuniões, no total de quatro e há opiniões sindicais diferentes”, adianta.
Filinto Lima lamenta ainda a “falta de união entre as os sindicatos”, o que, no seu ponto de vista, não beneficia a classe docente. “Desde o início desta luta que os sindicatos sempre demonstraram desunião e isto enfraquece a luta dos professores”, sustenta. O representante dos diretores escolares considera, contudo, que a luta dos professores tem “pontos fortes” incontornáveis que justificam cedências por parte do Ministério da Educação (ME) e do Ministério das Finanças (MF). “Os docentes do Continente, em comparação com os professores da Madeira e dos Açores, estão à espera há muitos anos por condições iguais. Nas regiões autónomas, os professores terão todo o seu tempo de serviço recuperado em 2025. Já os do Continente, só este ano começam a recuperar alguns dias”, explica.
O representante dos diretores de escolas públicas diz esperar que os ministérios de Educação e das Finanças “não estiquem demasiado a corda, sob pena de esta rebentar e podermos ter um final de ano letivo que ninguém queria, com greves às avaliações, provas e exames”. “O que eu peço ao ministro das Finanças é que reconheça que os professores estão há muitos anos à espera de algo que é deles e que este tempo lhes seja devolvido no mais curto espaço de tempo. Seria um sinal para a sociedade e para os jovens que não estão a escolher a carreira docente. É uma profissão que não é devidamente valorizada”, conclui. Para o presidente da ANDAEP, o Governo de Luís Montenegro tem “uma batata muito quente nas mãos e terá de tomar decisões”.