Os números do balanço dos primeiros seis meses da Unidade Local de Saúde Santa Maria (ULS), uma das maiores do país, reunindo entre cuidados hospitalares e primários, 7324 profissionais, não enganam: 19 193 cirurgias, mais 12% do que em igual período de 2023, 425 mil consultas, no total mais 5%, mais 3% de exames de imagiologia, mais 3% de análises clínicas, ao todo foram realizadas 3,7 milhões de análises, mais 13% de doentes atendidos na farmácia e mais 25% de receitas face a um crescimento de 20% das despesas.
Os dados foram disponibilizados ao DN pelo presidente do conselho de administração da ULS, Carlos Martins - no cargo desde o início de janeiro, e pela segunda vez, pois já tinha anteriormente administrado Santa Maria durante seis anos - e revelam que este foi o maior registo de atividade cirúrgica dos últimos 15 anos e desde a junção dos dois hospitais.
Carlos Martins explica que o feito “não é acidental”, resulta, sim, “de um trabalho de equipa”, acompanhado “de uma visão e estratégia, que está a dar bons resultados”. Uma estratégia que “tem sabido utilizar os incentivos que têm sido dados pelo Governo, nomeadamente para o programa para a Oncologia (OncoStop), que já fez com que, neste momento, não tenhamos doentes a ser operados fora do tempo máximo de resposta garantida”, assegura, especificando: “Em boa verdade não tínhamos uma lista de espera preocupante em Oncologia, mas este programa permitiu-nos utilizar cirurgicamente as verbas disponibilizadas para criarmos estímulos adicionais e, duas semanas depois de aplicarmos o programa, deixámos de ter listas de espera.”
Mas o fim desta lista de espera significa também que todas as outras áreas corresponderam, porque só é possível a marcação de uma cirurgia se houver “consultas e, desde logo, exames na área da imagiologia e da anatomia patológica que confirmem o diagnóstico, e nesta área temos crescido imenso. E tudo isto faz com que seja possível agendar o doente oncológico no tempo adequado para a cirurgia e para o tratamento”.
O programa OncoStop integra o Programa de Emergência e Transformação da Saúde (PETS), apresentado pelo Governo no final de maio, tendo como objetivo acabar com as listas de doentes oncológicos que aguardavam cirurgia fora do tempo máximo garantido, e veio permitir o pagamento da atividade cirúrgica fora do tempo de trabalho a 90% do valor normal para toda a equipa.
Quando questionado se afinal esta produção não é à custa da produção adicional e dos incentivos, Carlos Martins não nega que “os incentivos têm ajudado”, mas sublinha que a produção programada no hospital está em primeiro lugar e que a produção adicional registada é da ordem dos 25%.
“O nosso crescimento tem a ver com um conjunto de fatores. Em primeiro lugar, com a crescente procura da nossa ULS e dos nossos hospitais em particular e em termos globais. Depois, com o facto de estarmos a apostar numa estratégia de crescimento sustentado, porque só conseguimos aumentar a atividade cirúrgica se tivermos mais consultas, mais diagnósticos e mais internamento”, sublinha.
“A atividade cirúrgica não funciona per si. É o motor da atividade da casa, do desenvolvimento e crescimento, e esta é uma visão e estratégia nova, mas para isso precisávamos de aumentar todos os outros indicadores”, remata.