Eleições legislativas
27 janeiro 2024 às 17h40
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Chega quer cortar impostos na habitação e usar "excedente de Medina" para dar condições a polícias

No documento de resumo de oito páginas distribuído aos jornalistas, referem-se objetivos genéricos como a "garantia de mais rendimentos às famílias e empresas" ou a "redução de impostos", mas sem qualquer quantificação.

O Chega apresentou este sábado 25 compromissos para as legislativas de 10 de março, que passam por cortar impostos para habitação própria e permanente e "usar o excedente" do atual Governo para dar mais condições às forças de segurança.

No arranque de uma iniciativa para apresentar as linhas gerais do programa eleitoral, a coordenadora do documento do Chega, Cristina Rodrigues (antiga deputada do PAN), explicou que o texto completo - que terá mais de 200 páginas e 500 propostas - será divulgado na próxima semana, podendo ainda receber os últimos contributos da sessão que se realiza hoje no Centro Cultural de Sacavém (Loures).

No documento de resumo de oito páginas distribuído aos jornalistas, referem-se objetivos genéricos como a "garantia de mais rendimentos às famílias e empresas" ou a "redução de impostos", mas sem qualquer quantificação.

Foram depois os oradores que detalharam um pouco mais algumas das medidas.

Por exemplo, a vice-presidente do Chega e arquiteta Marta Silva -- número três nas listas por Lisboa -- apresentou as prioridades para a habitação e fixou como compromissos a abolição de IMT e IMI na compra de habitação própria e permanente.

"Não temos de pagar impostos sobre o nosso teto", defendeu, apontando igualmente como meta a reversão do arrendamento forçado e o regresso vistos 'gold'.

Já o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, falou sobre administração interna e reiterou o compromisso do partido de garantir a equiparação do suplemento de missão atribuído à PJ às restantes forças de segurança.

"Se temos excedente orçamental, temos de ajudar estes homens e mulheres. Muitas vezes pergunta-se onde é que o Chega vai buscar o dinheiro? Ao excedente orçamental que Medina diz que tem", afirmou, elegendo também como prioridade dar o estatuto de profissão de desgaste rápido às forças de segurança.

O primeiro compromisso do programa do Chega é "limpar o país da corrupção", onde o partido enuncia objetivos gerais como "acabar com o abuso de poder e a impunidade dos corruptos" ou "conseguir uma classe política mais íntegra, dificultando, entre outras coisas, os esquemas das portas-giratórias".

Um dos primeiros oradores, o professor universitário Fernando Silva, que participou na elaboração do programa, defendeu que "só possa entrar na vida política através do Chega quem tiver as mãos limpas" e pediu que, numa eventual negociação governativa, o partido não deixe cair esta prioridade.

Na área da Defesa, o Chega promete aumentar o investimento e "cumprir finalmente" as metas orçamentais decorrentes dos compromissos com a NATO e UE e "dignificar os antigos combatentes, garantindo acesso privilegiado à saúde e habitação digna".

"Há uma sangria brutal nos três ramos das Forças Armadas. São precisos ordenados substancialmente superiores para os militares e segurança nas carreiras", defendeu o deputado Pedro Pessanha.

Entre os compromissos do Chega está também a rejeição de "qualquer projeto de regionalização" e reforço do municipalismo.

O deputado Bruno Nunes, que falou sobre coesão territorial, defendeu uma revisão da lei eleitoral que permita que o voto de "quem está em Trás-os-Montes valha tanto como o de quem está em Lisboa" e deixou um apelo.

"Deixem jogar o André Ventura e certamente vamos resolver o problema", disse.

No capítulo do sistema político, o Chega inclui como compromissos "promover uma maior justiça na distribuição de mandatos através da reforma eleitoral" e "assegurar uma maior transparência por parte dos partidos políticos no que diz respeito ao seu financiamento e determinar que não gozam de mais benefícios que os restantes cidadãos".

A alteração do estatuto dos titulares de cargos políticos "de forma a garantir o efetivo combate a fenómenos de corrupção e tráfico de influências" e "atingir a neutralidade ideológica da Constituição" são outros objetivos do partido liderado por André Ventura.

Rui Cristina cita Mota Pinto e Sá Carneiro para justificar candidatura pelo Chega

O ex-deputado do PSD Rui Cristina citou este sábado os históricos sociais-democratas Mota Pinto e Sá Carneiro para justificar a sua candidatura pelo Chega, partido que considera poder trazer a "necessária estabilidade governamental" a Portugal.

Numa iniciativa destinada a apresentar as linhas gerais do programa eleitoral do Chega, Rui Cristina -- que na passada semana se desfiliou do PSD e passou a deputado não inscrito -- foi um dos oradores mais aplaudidos da tarde no Centro Cultural de Sacavém, no distrito de Loures.

O ainda deputado, que será cabeça de lista pelo Chega por Évora nas legislativas de 10 de março, fez questão de dizer que "não foi de um dia para o outro" que tomou esta decisão.

"Conheço André Ventura desde o congresso 2016, sou candidato independente pelo Chega porque acredito no André, no projeto político que o Chega tem para o nosso país. Desde 2019, as políticas do Chega têm conquistado os portugueses: primeiro com um deputado, agora com 12 e amanhã muitos mais", disse, recordando a frase do ex-líder do PSD Carlos Mota Pinto "hoje somos muitos, amanhã seremos milhões".

Mais à frente, haveria de citar também o fundador do PSD Francisco Sá Carneiro sobre a dificuldade de ser eleito por Évora, círculo em que o Chega não tem deputados.

"A política sem risco é uma chatice", disse.

O deputado considerou que o Chega poderá trazer a "necessária estabilidade governamental a Portugal" e disse ser "inadmissível" que se continue a lidar com a corrupção "nos partidos do arco de poder".

"Não bastava o gabinete do primeiro-ministro, agora também na Madeira", disse, numa referência ao processo que já levou à demissão do social-democrata Miguel Albuquerque.

Rui Cristina disse estar alinhado com o Chega em áreas como a educação, saúde e justiça e considerou que este partido "é atualmente a força política que tem um projeto político para mudar o país".

Tópicos: Política, Chega