Exumação de Teresa de Ávila
11 setembro 2024 às 09h06
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Guardada a sete chaves. Corpo de santa morta há 442 anos em bom estado de conservação

O corpo continua no mesmo estado da anterior exumação, em 1914. Os investigadores compararam fotografias tiradas, há 110 anos, ao rosto e aos pés da santa.

O corpo de Santa Teresa de Jesus, também conhecida como Teresa de Ávila, morta há 442 anos, foi exumado para a realização de estudos em Espanha e, segundo a Igreja, continua em bom estado de conservação.

A santa é guardada a dez chaves num túmulo em Espanha, sendo que três estão com as Carmelitas Descalças, três com o padre geral das Carmelitas em Roma, três com o Duque de Alba e uma com o rei, um sistema de segurança que existe desde o século XVII. Cada conjunto de chaves abre uma parte do túmulo: grade, cofre de mármore e cofre de prata. Este processo, realizado no final do mês passado, necessitou de uma autorização do Papa Francisco. 

O procedimento contou com a participação de cientistas e médicos italianos e tem como objetivo fazer uma análise às relíquias da santa: corpo, coração, um braço e uma mão. Estes elementos têm uma grande importância para a Igreja Católica, pois representam a presença física e espiritual de um santo na Terra.

Segundo a Diocese de Ávila, o corpo da santa continua conservado da mesma forma desde a anterior exumação, em 1914, tendo os investigadores comparado fotografias tiradas há 110 anos ao rosto e aos pés da santa.

“Não há cor, porque a pele está mumificada, mas é visível, especialmente na metade do rosto. É possível ver bem. Os médicos especialistas conseguem ver quase claramente o rosto de Teresa”, afirmou o padre Marco Chiesa, da Ordem dos Carmelitas Descalços.

Os investigadores tiraram novas fotografias e fizeram radiografias à santa, tendo todo o material recolhido sido encaminhado para um laboratório em Itália. Nas próximas semanas será divulgado um relatório com conclusões sobre a conservação da santa.

“Sabemos, por estudos semelhantes, que poderemos conhecer dados de grande interesse sobre Teresa e também recomendações para a conservação das relíquias”, afirmou o padre Chiesa.

Santa Teresa de Jesus nasceu em Ávila, em 1515, e decidiu seguir a vida religiosa, tendo fugido de casa para ir para o Convento da Encarnação, contra a vontade do pai. Ainda jovem, sofreu uma doença grave e chegou a ser dada como morta, mas conseguiu recuperar e levou a cabo uma série de reformas, tendo fundado conventos em Espanha. Paralelamente, escreveu diversas obras, sendo o “Livro da Vida” uma das mais famosas, contando nessa publicação as visões e tentações que teve.

O seu trabalho fez com que fosse canonizada pelo Papa Gregório XV, em 1622. Três séculos e meio depois, na década de 1970, foi nomeada a primeira mulher “Doutora da Igreja” pelo Papa Paulo VI.