O Serviço de Ginecologia-Obstetrícia do Hospital Santa Maria está em obras há quase um ano e sem poder dar resposta às grávidas em trabalho de parto e a situações de urgência de obstetrícia. Esta situação agravou a resposta global nesta especialidade na Região de Lisboa e Vale do Tejo desde agosto do ano passado, a qual tem estado a ser articulada com os hospitais Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) e com o Beatriz Ângelo, em Loures, e quando se pensava que tudo estaria pronto a funcionar este verão, o diretor do serviço, Alexandre Valentim Lourenço, assume ao DN que isso não vai acontecer. “Estamos todos desejosos de começar a funcionar. A obra está a decorrer a bom ritmo, mas não estaremos em funções plenas neste verão como se esperava.”
E explica porquê: “Mesmo que a obra em paredes esteja pronta em julho, depois há a parte da obra para equipamento e certificação, que deve levar mais um mês ou dois”, sublinhando que “a intenção é, mal haja possibilidade, abrir portas, mas com qualidade e segurança.”
O bloco de partos e a Urgência de Obstetrícia de Santa Maria fecharam portas no dia 1 de agosto de 2023, mas as obras só começaram efetivamente em outubro. De acordo com as previsões iniciais, deveriam estar finalizadas em março de 2024. Mas, “apesar de nos dizerem que os prazos estavam a ser cumpridos”, tal não aconteceu.
Na altura, a instituição anunciou o mês de junho como a nova data para a sua conclusão, esperando-se que já pudesse começar a funcionar ainda durante o verão, mas ao que tudo indica tal também não acontecerá. Alexandre Valentim Lourenço justifica que “é para segurança de todos”. “Não podemos passar de uma maternidade fechada para a maior maternidade do país de um dia para o outro. Temos de fazer uma abertura gradual, por fases, bem-feita e de forma a contribuirmos positivamente para a resposta do Serviço Nacional de Saúde.”
Recorde-se que este projeto, que irá tornar o serviço de Santa Maria no maior do país nesta área, gerou polémica e até demissões. Quando foi anunciado, a meio do ano passado, o diretor de serviço da altura, Diogo Ayres de Campos, não concordava com o encerramento total, nem com a transferência das equipas médicas para o Hospital São Francisco Xavier para apoiarem as escalas das urgências. A situação levou a administração da altura, liderada pela agora ministra Ana Paula Martins, a demiti-lo, seguindo-se a demissão em bloco pedida por toda a direção do serviço. E sete especialistas acabaram mesmo por sair do hospital.