Jovens e facas: um problema à escala internacional. Os números crescem, ao mesmo tempo que a idade dos agressores é cada vez mais baixa. Em Londres - dados de 2021 -, mais de dois terços das ocorrências com facas foram da autoria de crianças e jovens dos 10 aos 25 anos. Desses, metade eram menores de 18 anos e 8% tinham entre 10 e 14 anos. Números que levaram as autoridades a patrocinar uma campanha dirigida aos jovens que incluiu histórias de rapazes e rapariga sobreviventes. E a criar equipas especializadas para intervenção em crimes juvenis com facas.
Em França, a mesma urgência. Com o mote “Que vais fazer com uma faca?”, brigadas de mediadores especializados na intervenção em conflitos entre jovens atuam em espaços públicos, sobretudo junto de escolas.
A Suíça, que em 2017 registava três tentativas de esfaqueamento por menores, viu os números evoluírem para 36, em 2020. Os homicídios - 32 em 2019 - aumentaram para 75, em 2020. E os furtos com esfaqueamento passaram de 287, em 2019, para 359 em 2020.
Em Bruxelas - dados de 2021 -, um em cada cinco jovens dizia trazer consigo uma faca/arma branca.
“Em Portugal há todo um trabalho que está a ser feito no âmbito do programa Escola Segura. Podemos dizer com segurança que, nos últimos anos, em homicídios e tentativas de homicídio entre jovens as facas ganharam outra visibilidade. Mas não há números e as informações quantitativas escasseiam, assim como outras de diferentes dimensões”, diz a investigadora Maria João Leote de Carvalho, especialista em delinquência juvenil.
Porém, dados da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais citados no estudo da Comissão de Análise Integrada da Delinquência Juvenil e da Criminalidade Violenta, publicado em 2024 referentes a 2023, dizem-nos que, em situações de Acompanhamento Educativo ou de Internamento em Centro Educativo, sempre que “houve ameaça ou utilização de armas, a maioria foram armas brancas - navalhas, facas, e outros objetos” cortantes.