O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, anunciou a abstenção do PS que permitirá viabilizar a proposta de Orçamento do Estado para 2025 apresentada pelo Governo de Luís Montenegro. Numa declaração em que começou por criticar o documento e defender que os dois principais partidos nunca devem ficar comprometidos com a mesma governação, justificou a decisão que irá levar à Comissão Política Nacional, convocada para a noite de segunda-feira, com o facto de terem passado apenas sete meses desde as últimas legislativas e de não se "perspetivarem maiorias estáveis" decorrentes das terceiras eleições legislativas em menos de três anos.
Na declaração feita na sede nacional do PS, no Largo do Rato, Pedro Nuno Santos deixou claro que a abstenção se aplica à votação na generalidade, marcada para 31 de outubro, e na globalidade, a 29 de novembro, mas tal não implica que o grupo parlamentar socialista não vá lutar por alterações no Orçamento do Estado para 2025. "Partimos para a especialidade com toda a liberdade", disse.
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Por entre muitas críticas ao Governo da Aliança Democrática, que rotulou de "isolado", "sozinho" e "mais minoritário que nunca", Pedro Nuno Santos disse que o Executivo de Luís Montenegro está "absolutamente dependente do maior partido da oposição". E, realçando que o PS partirá para a discussão do Orçamento do Estado sem um compromisso com o Governo, apresentou o seu partido como "responsável" e "consistente", garantindo que "nunca falhará a Portugal e aos portugueses".
Apesar das indicações de que o secretário-geral do PS tomara a opção pela abstenção que permite viabilizar o primeiro Orçamento do Estado do Governo de Luís Montenegro, e afasta o cenário de dissolução da Assembleia da República e eleições antecipadas, Pedro Nuno Santos arrancou a sua comunicação em sentido contrário. Disse mesmo que defende ser "normal" que o principal partido da oposição vote contra a proposta de Orçamento do Estado que o Governo entrega no Parlamento, tal como o PSD fez nos oito anos anteriores.
"Entendo hoje, como sempre entendi, que para preservar a qualidade da nossa vida democrática, não devemos ter os dois principais partidos comprometidos com a mesma governação. Nessa circunstância, os dois partidos estariam em risco de desgaste político simultâneo, e os eleitores deixariam de ver um deles como principal alternativa ao outro. Isso só facilitaria o crescimento da direita radical e populista", disse o líder socialista, criticando quem diz que o PS deve viabilizar apenas para assegurar a responsabilização política do Chega.
"Essa tese elevada a doutrina, tornaria o PS refém do Chega, depositando neste partido, na prática, o poder de definir o sentido de voto do PS. No limite, condenaria o PS à viabilização sistemática dos orçamentos do estado dos governos minoritários do PSD. E a prazo, teria como efeito a gradual irrelevância política do PS", defendeu.