Diogo Costa é um “menino de ouro”, que enche de orgulho a família, que prefere resguardar o novo herói nacional mantendo as memórias no seio familiar. Apesar do Mundo do futebol lhe elogiar a técnica, agilidade e o instinto com que se agigantou para defender três grandes penalidades frente à Eslovénia e apurar Portugal para os quartos de final do Euro2024, a mãe, Armanda Meireles, realçou ao DN o lado humano, o caráter, o trabalho e os sacrifícios que o guardião e a família fizeram para que o agora dono da baliza nacional cumprisse o sonho.
“É mesmo como o Diogo disse, é fruto de muito trabalho, desde criança que é muito disciplinado e cumpridor das suas obrigações, fosse em casa ou no treino, e também muito educado, por isso a avó Fernanda chamava-lhe ‘o meu menino de ouro’. É um orgulho enorme vê-lo a cumprir os sonhos dele”, contou a mãe, que por estes dias não é a única com orgulho no filho.
O sonho de Diogo começou no Pinheirinhos Ringe, clube do bairro comunitário antes conhecido como o bairro do Iraque, em Vila das Aves, de onde não se esperava que saísse nada de bom. Ele e Vitinha, que o acompanhou no FC Porto e está com ele na seleção, são a prova do contrário. Diogo, filho de emigrantes portugueses, nascido em Rothrist, na Suíça, a 19 de setembro de 1999, só lá esteve uns meses, o suficiente para passar a ser guarda-redes.
Um dia o treinador Adílio Pinheiro (daí o clube ser o Pinheirinhos de Ringe) disse-lhe que todos tinham de ir pelo menos uma vez à baliza, mas ele era bom de pés e queria era marcar golos. Chegou a casa e queixou-se ao avô Joaquim [Meireles, que chegou a ser reserva no Desp. Aves nos anos 70/80], mas dias depois voltou aos treinos todo equipado, de luvas e disposto a deitar-se para o chão.
“Até hoje não tive uma queixa de nenhum treinador ou professor. O Diogo sempre foi muito respeitador e focado no que tinha de fazer. Entregou-se a todos os projetos com muita dedicação, mesmo sacrificando momentos em família. Muitos almoços de Páscoa atrasados à espera que ele viesse de um torneio”, disse a mãe, recordando: “Ele não teve férias como os outros miúdos, as férias dele eram em torneios com o clube ou na seleção, e ele era feliz assim. Eu sei que esta é a realidade de muitos miúdos que querem jogar futebol, mas ele levava a missão a sério.”
Por isso, Armanda fica sensibilizada quando o filho diz que o trabalho compensa tudo e que foi buscar forças à família. E não é apenas a família de sangue, é também aquela que Diogo Costa escolheu: “A Catarina, além de ser uma grande esposa, é uma mãe maravilhosa e dá todo amor e apoio ao meu filho e ao meu neto e estamos muito gratos por ela estar nas nossas vidas.”