Cabeça de lista da AD às europeias
28 abril 2024 às 15h37
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Sebastião Bugalho diz que não vê Europa "como ambição pessoal" ou "destino de carreira". "Estou aqui porque acredito na Europa"

O comentador televisivo, que concorrerá como independente na lista da AD nas europeias, pediu luta por "sonho europeu". Bugalho afirmou que esta coligação não olha para a Europa como "uma ambição pessoal" ou "destino de carreira", nem como "uma caixa multibanco ou uma vigia orçamental".

O cabeça de lista da AD às europeias, Sebastião Bugalho, lembrou este domingo o percurso de personalidades do PSD como Cavaco Silva, Durão Barroso, Carlos Moedas e Jorge Moreira da Silva para pedir que lutem com ele pelo "sonho europeu".

Na sessão de encerramento da Universidade Europa, na Curia (Aveiro), o jornalista e comentador televisivo, que concorrerá como independente na lista da AD nas europeias de 09 de junho, respondeu também aos que consideram a sua idade - 28 anos - uma desvantagem.

"O primeiro-ministro francês tem 34 anos eu sou só candidato ao Parlamento Europeu. E, que eu tenha dado conta, o dr. Luís Montenegro não pensa pôr os papéis para a reforma, pelo contrário, está a começar o percurso como primeiro-ministro", disse, com risos e palmas da assistência.

O cabeça de lista da AD começou por agradecer a presença, na primeira fila, da ex-líder do PSD Manuela Ferreira Leite, e lembrou que foi a última presidente social-democrata a vencer umas europeias, em 2009, na primeira vez em que Paulo Rangel foi cabeça de lista.

"Oxalá sirva de talismã para esta candidatura", desejou.

Na sua primeira intervenção desde que foi anunciado como candidato, na segunda-feira, Sebastião Bugalho justificou porque aceitou encabeçar a lista da AD.

"Eu estou aqui porque acredito na Europa. Mais do que isso: eu estou aqui porque acredito na Europa que a democracia portuguesa ajudou a construir desde 1986 (...) Foi sempre aqui, no espaço comum que representamos, que o sonho europeu vibrou e se fez cumprir", disse.

O candidato deu depois vários exemplos de figuras do PSD que, através da Europa, chegaram aos mais altos cargos nacionais e internacionais.

"Foi assim com um jovem algarvio de Boliqueime, que conseguiu uma bolsa para estudar em Inglaterra e regressou ao seu país - para mais tarde ser primeiro-ministro e Presidente da República", disse, referindo-se a Cavaco.

Sem nunca dizer nomes, aludiu depois a Durão Barroso: "Foi assim com um jovem de Almada, que ouviu a Revolução na rádio de madrugada e correu para o cacilheiro, para ver a Liberdade de perto - e mais tarde ser primeiro-ministro e Presidente da Comissão Europeia".

"Foi assim com um jovem alentejano de Beja, que foi para Paris estudar graças ao programa Erasmus, se tornou engenheiro e voltou ao seu país - para mais tarde ser comissário europeu e presidente de Câmara", disse, numa referência a Carlos Moedas.

Finalmente, lembrou outro jovem de apenas 28 anos que, em 1999, "se tornou relator do Parlamento Europeu para as Alterações Climáticas, e mais tarde ministro do Ambiente", falando de Jorge Moreira da Silva.

"Não pode estar aqui hoje mas sei que está ao nosso lado", afirmou, dizendo que é "em nome desse sonho europeu" que se candidata.

Recados

Bugalho afirmou que esta coligação não olha para a Europa como "uma ambição pessoal" ou "destino de carreira", nem como "uma caixa multibanco ou uma vigia orçamental".

"Nós não apontamos aos 'falcões de Bruxelas' num dia, para nos candidatarmos ao Eurogrupo no outro. Nós não começamos a nossa jornada de braço-dado com os senhores do Syriza para a acabarmos em festa com o senhor Orbán", afirmou, em aparentes recados a Mário Centeno e António Costa, sem nunca referir nomes.

Defendeu que esta coligação não tem da Europa "uma visão utilitarista" nem a vê como "uma ambição pessoal", nem "um destino de carreira", "ao contrário de outros".

"Não olhamos para ela como uma caixa de multibanco ou uma vigia orçamental. Nós levamos a Europa a sério, porque queremos que a Europa também nos leve a sério, não podemos brincar com a Europa consoante as sondagens", disse.

O candidato, que disse que a escolha do seu nome "é um risco" assumido pelo primeiro-ministro e líder do PSD Luís Montenegro, defendeu uma Europa que "trabalhe em conjunto", sobretudo perante os novos conflitos a leste e no Médio Oriente.

"Para ganhar relevância - seja na Defesa, seja na Inovação - a Europa tem de ganhar escala. E isso não é possível com uma visão de 'cada um por si'", afirmou, dizendo que "será impossível sobreviver à soma de todos estes desafios sem cooperação entre Estados-membros, sem integração de políticas de Defesa".

A proposta da AD para as europeias

O candidato resumiu a proposta da AD para as próximas europeias: "Tornar o continente europeu não apenas um lugar onde se quer chegar, mas uma casa onde se quer ficar, onde se pode ficar. Queremos que a Europa seja uma casa de sonhos, dos que estão e dos que chegam".

Sebastião Bugalho defendeu que "não é inevitável" ter de optar "entre defender o continente europeu e preservar o Estado Social europeu".

"Pelo contrário, nós acreditamos que só uma Europa que se cuide conseguirá ser uma Europa que se defende. Que só uma Europa que não esqueça a sua coesão social poderá ter uma voz ouvida no resto do mundo", disse.

Para tal, defendeu, será necessário na próxima legislatura do Parlamento Europeu "contribuir ativamente para o desenho do quadro financeiro plurianual que aí vem - provavelmente o último antes do alargamento" e preparar a Europa para "o regresso do isolacionismo norte-americano, caso a hipótese do seu regresso se confirme".

"Teremos de nos aproximar da conclusão da União Bancária, de Mercado de Capitais e de Energia - para assegurar que a nossa economia social de mercado estará protegida num mundo em que as regras contam cada vez menos para todos - menos para nós", defendeu, terminando a sua primeira intervenção como candidato com um apelo à vitória nas próximas europeias.

"Juventude, arrojo e mérito", diz Montenegro

O presidente do PSD voltou, no mesmo evento, a justificar a escolha de Sebastião Bugalho para cabeça de lista da AD -- pela "juventude, arrojo, mérito" -, e com uma indireta à cabeça de lista do PS.

"Estamos a ser coerentes, mais uma vez, não fomos buscar um membro do Governo que despedimos lá atrás", disse, numa referência a Marta Temido, que apresentou a demissão do executivo liderado por António Costa em agosto de 2022.

Na mesma linha, também o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, elogiou Sebastião Bugalho como "um dos jovens mais talentosos do firmamento mediático e político".

"Desde que aceitou encabeçar a lista da AD, passou a ser um dos mais atacados. É o melhor dos sinais, estes ataques acontecem porque Sebastião Bugalho é temido", disse Melo, num aparente trocadilho com o nome da candidata do PS, que provocou alguns risos na assistência.