Quarenta e nove anos depois da data em que os militares ligados ao Grupo dos Nove, que defendia um regime democrático, triunfaram sobre unidades militares dominadas pela esquerda radical, a Assembleia da República recebe esta segunda-feira de manhã uma inédita “sessão solene evocativa do dia 25 de Novembro de 1975”. Uma celebração nascida de um projeto de resolução do CDS-PP, e aprovada por toda a direita parlamentar, num raro momento de convergência entre AD, Chega e Iniciativa Liberal, que tem sido rotulada à esquerda de “provocação”, por não passar de uma equiparação ao 50.° aniversário do 25 de Abril de 1974.
A esse propósito, o líder parlamentar dos centristas, Paulo Núncio, que tem sido um dos políticos mais empenhados em levar o 25 de Novembro à Assembleia da República, recusa que haja vontade de provocar e realça que o primeiro projeto de resolução nesse sentido foi apresentado pelo CDS-PP em 2000, numa iniciativa dos então deputados Paulo Portas, António Pinho e Pedro Mota Soares, para assinalar o 25.° aniversário. “É uma causa antiga do CDS”, defende Núncio, para quem a data assinalada esta segunda-feira representa a “consolidação do modelo de democracia ocidental que constituiu sempre a escolha da maioria dos portugueses”.
Quanto à anunciada ausência do PCP, Paulo Núncio não diz que seja uma situação em que só faz falta quem estiver, mas ainda assim vai salientar na sua intervenção que “celebramos o direito de todas as forças políticas estarem aqui, por vontade do povo, mesmo aquelas que não querem estar aqui hoje [esta segunda-feira]”.
Numa sucessão de discursos que começará com a deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, dois dos partidos do lado direito do hemiciclo estarão representados pelos líderes. Rui Rocha falará pela Iniciativa Liberal, que se apresenta como o único partido que celebra de forma igual o 25 de Abril e o 25 de Novembro, seguindo-se André Ventura pelo Chega.
Para o final ficarão Pedro Delgado Alves, pelo PS, que tem sido acusado, desde o período da geringonça, de se ter afastado da data histórica em que esteve entre os maiores vencedores. E o PSD fará subir à tribuna Miguel Guimarães, antigo bastonário dos Médicos, um dos poucos no hemiciclo com memórias do PREC, pois tinha 13 anos em 1975. Mas não será o último a falar: haverá discursos do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Mais à esquerda, o Livre deve ser representado pelo porta-voz, Rui Tavares, enquanto grupos parlamentares que se opõem à sessão seguem caminhos diferentes. Dos deputados bloquistas, só Joana Mortágua estará presente - e irá falar -, enquanto o PCP optou pela ausência de todos os seus eleitos.