A manifestação "Menos imigração, mais Habitação", marcada para o próximo sábado, 6 de abril, no Porto, vai mesmo avançar. O grupo nacionalista 1143 recebeu o aval da Câmara Municipal do Porto para a realização do protesto. A Polícia de Segurança Pública (PSP) já tinha dado o mesmo parecer positivo. A informação foi celebrada pelo neonazi Mário Machado, principal porta-voz do 1143.
A não-proibição surgiu após a divulgação de uma carta aberta intitulada "Contra o racismo e a xenofobia, não desmobilizamos!", enviada a uma série de autoridades. O objetivo da publicação era impedir a realização da manifestação, com base no artigo 13.º da Constituição da República Portuguesa, que destaca o princípio da igualdade e acionar “os mecanismos processuais para que se aplique o artigo 240.º do Código Penal, relativo à discriminação e incitamento ao ódio e à violência”.
A carta pontua que “além de profundamente racista e xenófoba, esta ação põe em causa a segurança das pessoas imigrantes que vivem e trabalham no Porto”. Algumas entidades também estão a organizar uma manifestação de “reação” na Praça dos Poveiros, às 15.30, intitulada "Contra o fascismo, mais e melhor habitação".
Romain Valentino, um dos porta-vozes do coletivo Habitação Hoje, afirmou ao DN que o ato é uma “resposta para contradizer uma falsa narrativa do grupo de extrema-direita de que existe uma correlação entre a imigração e a crise de habitação”. De acordo com o militante, o problema da habitação “já vem de há bastante tempo” e os “muitos imigrantes são trabalhadores precários e estão lado a lado dos portugueses nesta luta”.
Valentino também demonstra preocupação com a segurança dos imigrantes no sábado. “É necessário um cuidado extra, porque virão manifestantes de extrema-direita de todo o país”, diz. O porta-voz pontua que todos os que quiserem juntar-se ao ato são “bem-vindos” e “estarão seguros”.
O DN solicitou à PSP do Porto informações sobre como será a segurança neste dia, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição. Também questionou a Câmara do Porto sobre a autorização dada à realização do evento e uma posição sobre o pedido divulgado na carta aberta. A autoridade municipal respondeu, por fonte do gabinete do presidente, que a avaliação de risco foi realizada pela PSP, entidade competente na matéria. Quanto à carta dirigida ao autarca Rui Moreira, não foi prestada qualquer declaração.