A poluição do rio Sena era uma dor de cabeça esperada, mas nem por isso deixou de ferir a organização de Paris2024 e surpreender os atletas que hoje se preparavam para a prova individual masculina de triatlo. Os portugueses Vasco Vilaça e Ricardo Batista viram a estreia adiada para amanhã (9.40 de Lisboa), logo depois de Melanie Santos e Maria Tomé darem inicio à prova feminina.
“Os atletas portugueses estão tranquilos e desejosos de fazer uma grande prova. Essa é a parte importante e em que temos de nos focar. Eles sabem que os adiamentos são fatores que não controlam”, disse ao DN o presidente da Federação de Triatlo de Portugal, Sérgio Dias.
Hoje, já depois de terem sido cancelados os dois treinos de adaptação às condições do rio - que estiveram agendados para domingo e segunda-feira -, a World Triathlon e os organizadores dos Jogos decidiram reagendar a prova masculina. As análises realizadas revelaram que os níveis da qualidade da água não dão garantias suficientes para permitir que o evento se realizasse hoje.
De acordo com a rádio francesa RMC Sport, vários atletas foram informados do adiamento enquanto tomavam o pequeno-almoço, depois de terem acordado antes das 4.00 horas para uma prova que estava prevista para as 8.00 locais. A questão agora é: e amanhã como será? Caso a qualidade da água não melhore, a prova de triatlo pode passar a duatlo, com a eliminação do segmento de natação, segundo Sérgio Dias: “Todos os amantes do triatlo desejariam que a prova se realizasse nesse segmento em vez de duatlo, mas em primeiro lugar estará a saúde dos atletas.”
O adiamento sempre foi o plano B e o plano C será passar a duatlo em vez de deslocalizar para Vaires-sur-Marne, no rio Marne, localizado a este de Paris.
Num comunicado conjunto com a World Triathlon, a organização dos Jogos Olímpicos admitiu que a qualidade da água não estava nos níveis desejados e adiantou que a previsão meteorológica não está a ajudar, estando prevista chuva para o dia de amanhã e para amanhã.
O problema é antigo , tendo a autarquia de Paris investido 1,4 mil milhões para melhorar a qualidade das águas do rio Sena. E até a presidente Anne Hidalgo nadou no Sena, no dia 17, para assegurar que era seguro. Contudo, a chuva intensa nos primeiros dias dos Jogos Olímpicos, que arrancaram no dia 26, anularam o esforço que foi feito.
Tal como o vereador Hermano Sanches Ruivo, de origem portuguesa, tinha antecipado ao DN tinha sido feito “tudo o que era necessário”. “Inaugurámos um centro gigante para acolher as águas de chuva, responsáveis por levar agentes poluidores para o Sena. Ali são recolhidos milhares de metros cúbicos, o que vai permitir a competição [triatlo e natação de águas abertas]”, revelou um mês e meio antes dos Jogos, admitindo que uma tempestade de verão seria um problema. Como aliás se confirmou.
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