Foi em resposta a uma pergunta que o antigo “Dragão de Olivença”, agora ministro da Defesa Nacional, na cerimónia comemorativa dos 317 anos do Regimento de Cavalaria n.º 3, a mais antiga unidade do Exército em atividade, fez questão de recordar e explicar que “estes dragões são de Olivença por alguma razão”.
“Olivença é portuguesa, naturalmente, e não é provocação nenhuma (…) aliás, por tratado, Olivença deverá ser entregue ao Estado português”, afirmou. E disse mais: “Esta não é uma questão de ontem, é de hoje” e “não se abdica” dos “direitos quando são justos”.
“E diz-se”, acrescentou,”desde o Tratado de Alcanizes, como Portugal tem as fronteiras mais antigas definidas, exceto esse bocadinho”, porque, “no que toca a Olivença, o Estado português não reconhece como sendo território espanhol”.
E para além disto, recordou que, quando foi eurodeputado, defendeu esta questão, da qual continua a não abdicar: “Fi-lo, desde logo, no Parlamento Europeu, em questões colocadas, enfim, mas sabe, a real politik é a real politik”h, o que “não invalida a expressão dos direitos” e, quando estes “são justos, deles não se abdica”, insistiu.
A “intromissão” do ministro da Defesa, ou a “inconveniência”, como refere ao DN fonte diplomática, numa matéria do ministério dos Negócios Estrangeiros, foi lida como a “criação de embaraços desnecessários com o nosso principal parceiro económico”.
Apesar de Espanha - após o Congresso de Viena (1815) que determinou que Olivença, portuguesa desde 1297 pelo Tratado de Alcanizes, deveria ser devolvida a Portugal - nunca ter cumprido o “acordado”, também Portugal nunca abdicou da “reivindicação”. Mas, é sublinhado, “sem alaridos desnecessários. Não é tema”.
A mesma fonte deixa um questão: “E o que diremos amanhã [hoje] se a imprensa espanhola fizer a notícia de que o ministro português da Defesa pede a entrega de Olivença?”.
Ao DN, fonte da direção do grupo parlamentar do PS critica o “ruído” e o “embaraço” num tema que “não faz parte da agenda” nem de Portugal, nem de Espanha.
“Voltamos a ter o que parece ser a opinião pessoal do ministro a incidir sobre a área governativa de outro ministro, gerando ruído e embaraço no Governo entre duas áreas de soberania decisivas [Defesa e Negócios Estrangeiros] - e gerando assim embaraço ao país - sobre um tema que não faz parte da agenda de nenhum dos estados”, afirma.
Para o presidente do Grupo dos Amigos de Olivença (GAO), as palavras de Nuno Melo devem ser louvados porque “não é uma pessoa qualquer, é o ministro da Defesa, numa cerimónia oficial, e ele basicamente vem afirmar aquilo que nós defendemos, que é que a soberania do território de Olivença é portuguesa”.
“E aquele território é tão português como é Peniche, como é Fafe, como é Vila Real de Santo António, como é outro território", exemplificou Rui Carrilho.
O que o Grupo dos Amigos de Olivença exige é que o “Estado português se sente à mesa com o Estado espanhol para reivindicar aquilo que é seu e que inclusivamente o Estado espanhol se comprometeu a entregar”, afirmou Rui Carrilho.