A Azul acionou o agente fiduciário do empréstimo concedido em 2016 à TAP SGPS para que analise a situação de “incumprimento” das condições do contrato por parte da companhia portuguesa.
O DN teve acesso a uma notificação assinada pela presidência da Azul e enviada a John Perlaza, sócio da Bondholders - firma com sede em Valência, Espanha, que é “security agent” da negociação -, à Parpública, empresa que gere as participações financeiras do Estado português, e à direção da TAP. No documento, a Azul pede à Bondholders “urgência” na análise da situação e exige que este agente fiduciário realize “uma assembleia extraordinária” para discutir as faltas da TAP SGPS no cumprimento do acordo.
A empresa brasileira também pede que a Bondholders avalie “a possibilidade de desencadear a extinção antecipada dos bonds” por causa dos incumprimentos contratuais. Significa que o Governo português poderá ser obrigado a pagar, antes de 2026, o valor que, de acordo com o extrato mais recente feito pelo Banco Santander, no mês de junho, está em cerca de 165, 7 milhões de euros.
O processo poderá afetar a privatização da companhia aérea portuguesa. E caso haja uma decisão que antecipe o pagamento, o Estado terá de adiantar o valor em causa, já que a TAP S.A. - que era o principal ativo da TAP SGPS e que é a empresa que gere a operação aérea sob o nome TAP - deixou de integrar a holding, medida que a Azul denuncia como um dos incumprimentos do contrato.
A TAP SGPS ainda detém a Portugália, mas a companhia deve passar para a TAP S.A. através de uma injeção de capital do Governo, para que entre nos ativos a serem privatizados.
A medida, denuncia a Azul, é mais uma tentativa do Governo “de esvaziar” a TAP SGPS, emissora das obrigações, de forma que a empresa ficará sem recursos para o pagamento do empréstimo à companhia brasileira.