Caso dos emails
15 outubro 2024 às 13h53
Leitura: 5 min

MP pede exclusão do Benfica das competições, acusa Vieira e iliba Rui Costa. Clube promete defender-se de "acusações infundadas"

Paulo Gonçalves e as SAD do Benfica e do Vitória de Setúbal foram acusados no processo dos emails do emblema encarnado. Domingos Soares de Oliveira passou de arguido a testemunha.

O Ministério Público (MP) pediu o afastamento do Benfica das competições desportivas no âmbito do caso dos emails, tendo ainda acusado o ex-presidente do clube, Luís Filipe Vieira, o antigo assessor jurídico, Paulo Gonçalves, e as SAD do Benfica e do Vitória de Setúbal, avança o Record.

Por outro lado, o atual presidente das águias, Rui Costa, foi ilibado pelo Ministério Público, tendo-lhe sido pedido que testemunhe contra a Benfica SAD.

Já o ex-administrador da SAD do Benfica, Domingos Soares de Oliveira, passou de arguido a testemunha, uma vez que a investigação não recolheu indícios que apontassem para o seu envolvimento.

Em causa estão os crimes de corrupção em concurso com participação económica em negócio e fraude fiscal, devido a uma alegada simulação de compra e venda de jogadores para injetar dinheiro no clube sadino, entre 2016 e 2019.

A acusação garante que Vieira e Gonçalves desviaram milhões do Benfica, através de negócios fictícios na transferência de três atletas, todos brasileiros. No total, o processo conta com onze arguidos. 

O MP quer afastar o ex-presidente dos encarnados de qualquer atividade desportiva e pede 900 mil euros ao Benfica por lucros ilícitos e mais de um milhão de euros ao Vitória.

Benfica vai defender-se de "acusações infundadas"

O Benfica anunciou que se defenderá de todas as "acusações infundadas", depois de ter sido notificado de uma acusação que o responsabiliza por alegados atos de Luís Filipe Vieira e de um antigo assessor.

"Não restem dúvidas de que o Sport Lisboa e Benfica se defenderá, sem hesitar, de todas as acusações infundadas (e do que já foi possível analisar, estas são infundadas), bem como de tudo quanto afete ou possa ter afetado os seus direitos e interesses", referiu o clube em comunicado, informando que tomará "posição processual".

Na mesma nota, o Benfica avança que os seus advogados "vão analisar em detalhe a acusação" da qual foram notificados e que numa primeira análise entende tratarem-se de "acusações infundadas".

Paulo Gonçalves considera "surreal" acusação de corrupção à Benfica SAD

O advogado Paulo Gonçalves refutou as acusações de corrupção ativa e fraude fiscal por parte do Ministério Público no caso dos emails, enquanto desempenhava funções de assessor jurídico na Benfica SAD, considerando-as "surreais" e sem "fundamentação legal".

"Esta acusação é surreal e assenta numa tese destituída de fundamentação factual e legal. Na verdade, nenhuma das condutas ali descritas consubstancia qualquer crime, muito menos um crime de corrupção, na sua maioria traduzindo uma prática corrente no mercado de futebol, tanto a nível nacional como internacional", reagiu Paulo Gonçalves, numa nota enviada à agência Lusa.

A Benfica SAD foi acusada pelo MP de vários crimes, entre os quais corrupção ativa e fraude fiscal, juntamente com o antigo presidente Luís Filipe Vieira, o antigo assessor jurídico Paulo Gonçalves e a SAD do Vitória de Setúbal, segundo despacho a que a agência Lusa teve hoje acesso.

"Em momento algum extravasei as funções e as instruções que me foram então confiadas", afirmou o advogado, que prestou assessoria jurídica à SAD do Benfica entre 2007 e 2018, confessando ter-se pautado sempre pela "lealdade, entrega e cumprimento da lei durante este periodo".

Face às acusações de que é alvo, Paulo Gonçalves assegurou na mesma nota: "De ora em diante, estarei totalmente focado na refutação desta acusação incompreensível e na defesa do meu bom nome, pelo que irei solicitar de imediato o levantamento do segredo profissional a que estou vinculado pelo Estatuto da Ordem do Advogados, sem o qual não poderei exercer na plenitude o exercício do meu direito de defesa".

A acusação do Ministério Público, hoje conhecida, diz respeito ao designado caso dos emails e implica a SAD do Benfica em vários crimes, entre os quais corrupção ativa e fraude fiscal.

O despacho envolve ainda o anterior presidente 'encarnado', Luís Filipe Vieira, e o antigo assessor jurídico Paulo Gonçalves, bem como a SAD do Vitória de Setúbal, ilibando o atual presidente, Rui Costa, e outros membros da atual e antiga direções.

com Lusa