Iémen
12 janeiro 2024 às 00h58
Atualizado em 11 janeiro 2024 às 23h55
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EUA e Reino Unido lançam ataque de retaliação contra rebeldes houthis do Iémen

Ataque surge em retaliação contra o lançamento de um míssil balístico com o objetivo de atingir as rotas marítimas do golfo de Aden, estratégicas para o transporte de petróleo do golfo Pérsico.

Os Estados Unidos e o Reino Unido começaram esta madrugada os ataques aéreos contra os Houthis no Iémen, avança a agência Reuters, que citou em Sanaa, capital do país do Médio Oriente.

Segundo a Associated Press, as forças armadas dos EUA e do Reino Unido começaram a bombardear locais utilizados pelos Houthis no Iémen.

Um oficial Houthi confirmou à Reuters que estão a ser alvo de ataques "inimigos" em Sanaa.

Os ataques foram levados a cabo com recurso a caças e mísseis Tomahawk, adianta a CNN.

Altos funcionários do governo de Joe Biden informaram esta quinta-feira a liderança do Congresso sobre os planos dos EUA.

Em comunicado, Joe Biden explicou que, por sua decisão e em conjunto com o Reino Unido, os EUA levaram a cabo com êxito um ataque, com o apoio da Austrália, Bahrein, Canadá e Países Baixos, contra vários alvos no Iémen utilizados por rebeldes houthis.

O ataque pretende demonstrar que os EUA e os seus aliados "não vão tolerar" os ataques dos rebeldes no Mar Vermelho, acrescenta o comunicado, em que Biden sublinha que a decisão seguiu-se a várias tentativas de negociação diplomática.

"Estes ataques são uma resposta direta aos ataques houthi sem precedentes contra embarcações marítimas internacionais no Mar Vermelho -- incluindo o uso de mísseis balísticos anti-navio pela primeira vez na história", sublinha o Presidente norte-americano.

Mais de uma dúzia de alvos dos Houthis foram atingidos por mísseis disparados do ar, da superfície ou de subplataformas. 

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, havia realizado esta quinta-feira uma reunião de Governo face às especulações de que o Reino Unido poderia participar numa ação militar contra os rebeldes xiitas houthis.

Sunak manteve contactos com membros do seu executivo e também consultou a presidente da Câmara dos Comuns (câmara baixa do Parlamento), Lindsay Hoyle, bem como o líder da oposição, o trabalhista Keir Starmer, segundo a estação BBC.

De acordo com analistas, o Reino Unido poderia tomar medidas militares, juntamente com os Estados Unidos, contra os houthis, sem a necessidade de consultar o Parlamento britânico.

O gabinete do primeiro-ministro britânico (Downing Street) divulgou também esta quinta-feira que Sunak conversou com o Presidente do Egito Abdel Fattah Al Sisi, para abordar a situação no mar Vermelho, e sublinhou nessa altura que o Reino Unido está disposto a tomar medidas para defender a liberdade de navegação, o que veio agora a confirmar-se.

"Discutiram o aumento preocupante dos ataques houthis a navios comerciais no mar Vermelho e o impacto perturbador no transporte marítimo global, inclusive através do canal de Suez. O primeiro-ministro disse que o Reino Unido continuaria a tomar medidas para defender a liberdade de navegação e proteger vidas em mar", adiantou um porta-voz de Downing Street.

Sunak agradeceu ainda ao chefe de Estado egípcio pelo seu apoio contínuo ao esforço humanitário e diplomático na Faixa de Gaza, incluindo o trabalho para garantir a libertação dos reféns britânicos (dois) naquele território palestiniano.

Os rebeldes houthis do Iémen lançaram esta quinta-feira um míssil balístico com o objetivo de atingir as rotas marítimas do golfo de Aden, estratégicas para o transporte de petróleo do golfo Pérsico, denunciaram as Forças Armadas norte-americanas.

O Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM) divulgou esta quinta-feira, em comunicado, que um navio comercial testemunhou o impacto do míssil na água, sem relatos de feridos ou danos.

O CENTCOM indicou que este é o 27.º ataque lançado pelos houthis contra navios comerciais que transitam pelo mar Vermelho e pelo golfo de Aden.

As principais companhias marítimas a nível mundial continuam a ajustar as suas rotas para evitar transitar por este trajeto marítimo, através do qual transita quase 15% do comércio marítimo global, incluindo 8% do comércio mundial de cereais, 12% do comércio petrolífero e 8% do comércio mundial de gás natural liquefeito.

Em apoio aos palestinianos na Faixa de Gaza, os rebeldes xiitas houthis, apoiados pelo Irão, têm atacado navios que dizem estar ligados a Israel no mar Vermelho, desde 19 de novembro e na sequência da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.

A situação na região complicou-se esta quinta-feira depois do anúncio do Irão sobre a captura de um petroleiro na costa de Omã, o que gerou especulações sobre a possibilidade de o Reino Unido e os Estados Unidos estarem a preparar-se para lançar ataques contra os houthis.

Segundo a Marinha iraniana, a apreensão de um "petroleiro americano" no mar de Omã foi uma ação em resposta à apreensão de petróleo bruto iraniano pelos Estados Unidos, no ano passado.