Médio Oriente
13 outubro 2024 às 13h17
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Netanyahu pede à ONU que retire força de paz no Líbano para local seguro

O primeiro-ministro israelita considerou que a melhor forma de evitar incidentes é retiras forças do território. Neste mesmo dia, dois tanques Merkava israelitas “destruíram o portão principal” e entraram à força numa posição onde se encontravam soldados da UNIFIL.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu hoje ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que retire imediatamente a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) “para um local seguro”.

“Senhor secretário-geral retire as forças da FINUL para um local seguro. É preciso fazê-lo já, imediatamente”, declarou Netanyahu durante um discurso, interpelando diretamente Guterres, em inglês.

Pelo menos cinco capacetes azuis ficaram feridos nos últimos dias durante os combates entre as forças israelitas e o grupo xiita libanês Hezbollah, no sul do Líbano.

Na sua mensagem a António Guterres [que não tem jurisdição sobre a FINUL, uma vez que a missão depende do Conselho de Segurança das Nações Unidas], Netanyahu garantiu que Israel solicitou em diversas ocasiões a retirada dos capacetes azuis.

“É tempo de retirar a FINUL dos bastiões e das zonas de combate do Hezbollah”, disse Netanyahu.

O primeiro-ministro israelita lamentou que o exército israelita já tenha feito este pedido, apenas para ser “constantemente rejeitado”, uma recusa "destinada a fornecer escudos humanos aos terroristas do Hezbollah".

“A sua recusa em retirar as forças da FINUL torna os seus membros reféns do Hezbollah e também põe em perigo a vida dos nossos soldados”, sublinhou Netanyahu.

O primeiro-ministro israelita disse que Israel faz “o possível” para evitar danos nas forças de manutenção da paz, mas considerou que a melhor forma de evitar tais incidentes é retirá-las do território, o que exigiria uma decisão do Conselho de Segurança. 

UNIFIL acusa exército israelita de bloquear os seus movimentos

Também hoje, a UNIFIL acusou o exército israelita de bloquear os seus movimentos e exigiu explicações sobre as "violações chocantes" de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

"Ontem [sábado], soldados do exército israelita bloquearam um movimento logístico crucial da UNIFIL perto de Meiss el-Jabal, impedindo-o de passar. Este movimento crucial não pôde ser realizado", denunciou a força de manutenção de paz em comunicado. 

A força de manutenção de paz salienta que, pela quarta vez em dois dias, teve de lembrar ao exército israelita as “suas obrigações de garantir a segurança do pessoal e da propriedade da ONU e de respeitar a inviolabilidade das instalações da ONU em todos os momentos”.

A UNIFIL adianta que já hoje os seus militares que estavam numa posição da ONU em Ramyah observaram três pelotões de soldados israelitas a "cruzar a linha azul em direção ao Líbano”.

Além disso, dois tanques Merkava israelitas “destruíram o portão principal” e entraram à força numa posição onde se encontravam soldados da UNIFIL, tendo saído cerca de 45 minutos depois, adianta o comunicado.

“Violar e entrar numa posição da ONU é uma violação flagrante adicional do direito internacional e da resolução 1701 do Conselho de Segurança. Qualquer ataque deliberado a soldados de manutenção de paz é uma violação grave do direito internacional humanitário e da resolução 1701”, avisou ainda a UNFIL, ao adiantar que solicitou ao exército israelita uma “explicação sobre essas violações chocantes”.

O pedido de Netanyahu à ONU já foi criticado pelo Líbano. O primeiro-ministro libanês denunciou "uma nova recusa de Israel em respeitar o direito internacional", depois de o chefe de governo israelita ter pedido à ONU para retirar os 'capacetes azuis' da zona de fronteira.

De acordo com a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), Najib Mikati disse "condenar a posição" de Benjamin Netanyahu "e a agressão israelita da FINUL", composta por 10 mil elementos no sul do Líbano.

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, pediu no sábado ao seu homólogo israelita, Yoav Gallant, que garanta a segurança dos capacetes azuis e das forças armadas libanesas, após os ataques contra posições de manutenção da paz no sul do país e a morte de dois soldados libaneses.

Gallant enfatizou que os militares israelitas continuarão a tomar medidas para “prevenir danos” às tropas da FINUL, mas alertou que “o Hezbollah opera e dispara nas proximidades das posições da FINUL, usando missões de manutenção da paz como cobertura para as suas atividades”.

Há três semanas que Israel realiza uma intensa campanha de bombardeamentos contra o sul e o leste do Líbano, assim como contra Beirute, além de realizar uma ofensiva terrestre no país vizinho.

Hoje, o Ministério da Saúde libanês afirmou que pelo menos 15 pessoas morreram durante a madrugada, 11 destas em dois ataques no norte de Beirute, durante os 200 ataques realizados pelas forças de Israel direcionados a alvos do Hezbollah.