O grupo Bel, liderado pelo empresário Marco Galinha, assumiu o controlo da Vasp, passando agora a deter 100% com a compra das restantes ações que eram detidas pela Cofina, numa operação de 4,5 milhões de euros, anunciaram as empresas.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Cofina adianta que, "na sequência do comunicado divulgado no passado dia 11 de agosto de 2023, sobre o exercício de opção de compra, pela sociedade Palavras de Prestígio" do grupo Bel, das 333.000 ações nominativas, com o valor nominal de 3,50 euros, de que a Cofina era titular no capital social da VASP -- Distribuição de Publicações e da emissão de decisão da não oposição por parte da Autoridade da Concorrência, "efetivou-se, na presente data, a conclusão da transação".
Ou seja, "a efetiva alienação das 333.000 ações nominativas" de que a Cofina era titular, "pela contrapartida, integralmente paga na presente data, de 4.500.000,00 euros".
O grupo Bel -- um universo de empresas de representação nacional e internacional com atuação em seis áreas de negócio - tem uma experiência de 21 anos na área da logística e distribuição.
"A entrada da Vasp no grupo Bel representa a consolidação de uma área de atuação num mercado onde quer ser referência em Portugal, assegurando agora um trabalho eficiente e eficaz de distribuição de imprensa e do livro, em prol do direito à informação e da cultura, honrando o passado do Vasp", refere em comunicado o grupo liderado por Marco Galinha, também presidente do Global Media Group, a que pertence o Diário de Notícias.
"Com equipas robustas e profissionais, serviços cada vez mais personalizados e produtos diversificados, o grupo Bel está cada vez mais comprometido com a prestação de um serviço de distribuição e logística eficiente, profissional e de proximidade", conclui.
Em 25 de julho, a Autoridade da Concorrência (AdC) adotou uma decisão de não oposição "com condições e obrigações" na operação de compra da Vasp pela Palavras de Prestígio, do dono do grupo Bel, Marco Galinha, depois desta ter assumido compromissos que garantem o acesso de todos os editores à rede de distribuição.
"Nós somos um operador logístico, sempre fomos um operador logístico" e a Vasp "é uma empresa muito importante nessa área e nós queremos que (...) tenha sustentabilidade nas entregas de jornais", referiu o empresário e presidente do grupo Bel, Marco Galinha, em declarações à Lusa em 31 de julho.
Agora, "sabemos que é muito difícil, que há áreas em Portugal onde os jornais chegam, mas com muito prejuízo para a Vasp", prosseguiu, na altura.
Ora, "nós acreditamos seriamente que há espaço para trabalhar aqui em soluções, mas a Vasp cada vez mais é um operador logístico", sublinhou.
Aliás, a Vasp "tem 60%/70% de resultados fora dos jornais", já "não é bem uma empresa que entrega jornais", reforçou.
Os compromissos assumidos incluem não só o acesso de todos os editores à rede de distribuição da Vasp, como, também, que este acesso seja feito em condições comerciais, logísticas e de qualidade de serviços justas, razoáveis e não discriminatórias, de acordo com a Concorrência.
No que respeita às condições comerciais, a Vasp compromete-se a mantê-las sensivelmente em linha com as condições comerciais atualmente em vigor, sem prejuízo de eventuais alterações que sejam devidas a causas objetivas relacionadas com os custos da operação ou com a sustentabilidade financeira da empresa que resulte, entre outros, da diminuição substancial da circulação de jornais e revistas, referiu a AdC.
E qualquer proposta de alteração das condições comerciais pela Vasp deverá, previamente, ser avaliada e autorizada por um mandatário de monitorização, o qual assegura que apenas serão autorizadas alterações justificadas por causas objetivas, transparentes, proporcionais e não discriminatórias relacionadas com a estrutura de custos ou com a sustentabilidade financeira da empresa, segundo a entidade reguladora.
A Palavras de Prestígio é uma empresa controlada em exclusivo pelo Grupo Bel que, à data da notificação da operação de concentração, já detinha uma participação de 50% no capital social da Vasp.
Em resultado do exercício de uma opção de compra das ações detidas pela Cofina no capital da Vasp, passou a ser a única acionista desta última.