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Cultura
12 novembro 2024 às 00h06
Leitura: 5 min

Há cinema português no Luxemburgo - um festival que é uma festa!

Pelo 15.º ano consecutivo o cinema português é celebrado no Luxemburgo. O Festival du Cinéma Portugais está cada vez mais forte e, até sexta-feira, mostra filmes de uma variedade considerável. O DN foi investigar e apanhou Rodrigo Areias a promover 'O Pior Homem de Londres'.

Uma mostra portuguesa pensada para promover o cinema português no cantinho europeu mais português. Ao 15.º ano o Festival du Cinéma Portugais  ganha  projeção definitiva, com um programa de luxo e uma forte dinamização mediática.

No domingo passado, quem passava pela bem composta sala da Cinémathèque de la Villa de Luxembourg percebia que há uma atmosfera neste evento. Uma atmosfera de entusiasmo com um público que mistura a comunidade portuguesa e os cinéfilos locais, habituados a receber com excitação o cinema português.
Na sexta-feira a programação arrancou com casa quase cheia no Ciné Utopia com O Pior Homem de Londres, de Rodrigo Areias. Uma sessão apresentada pelo próprio realizador que confessava ao DN, um dia depois, a sua satisfação pela reação do público: “Foi uma sessão de perguntas e respostas em três línguas: português, inglês e francês com um público muito interessado. Este é um festival muito importante para os emigrantes portugueses, aqui, e este filme faz todo o sentido neste contexto.”

O Pior Homem de Londres, ancorado por uma elegante interpretação de Albano Jerónimo, é precisamente a história de um português persuasivo na Londres vitoriana, no seio da comunidade dos pré-rafaelitas.

O 'Pior Homem de Londres', de Rodrigo Areias, abriu o festival e teve boa receção numa sessão com uma bela mistura de público.

Raúl Reis, do jornal Bom Dia, publicação digital para a diáspora portuguesa em toda a Europa, onde se verifica forte implantação de comunidades lusas, é um dos programadores deste evento desde a primeira hora. Um jornalista que está há 30 anos neste país e que tem lutado por - e conseguido - uma promoção forte do nosso cinema, sobretudo depois de ter criado o Cineclube Português, organismo que também acaba por funcionar como distribuidor nas salas luxemburguesas, bem como divulgador do novo cinema português uma vez por mês.

“A nossa comunidade adere bem às sessões e este festival é uma excelente iniciativa, embora seja preciso mais do que apenas uma semana de filmes portugueses, não só no Luxemburgo, mas também noutros países europeus. Na Bélgica, Suíça e França continua a haver um déficit de cinema português”.

O Festival du Cinéma Portugais é uma iniciativa do Centro Cultural Camões, com a aprovação da Embaixada de Portugal. Adília Carvalho, a diretora do centro, estava visivelmente satisfeita com a adesão do arranque deste ano: “Este festival foi uma ideia do embaixador de Portugal há 15 anos. Ele depois saiu, mas fez questão de criar condições para não deixar cair esta iniciativa que, ao longo dos anos, teve vários formatos. Agora, desde que é sempre nesta data, as coisas começam a ganhar aderência - as pessoas, aqui, já sabem que esta é a semana do cinema português!”

E com esta diversidade de filmes e propostas, Adília confessa ter dificuldade em perceber qual o género preferido dos aderentes: “Em relação à comunidade, não é fácil perceber o tipo de público. A própria comunidade portuguesa, aqui, é bem diversa, mas diria que as comédias têm sempre boa aderência.”

Em breve, ao abrigo do protocolo entre Portugal e o Luxemburgo nas coproduções, vai chegar o tão esperado Projeto Global, um épico sobre a FP-25 de Abril, realizado por Ivo M. Ferreira. Quer Raúl, quer Adília, acreditam que o Luxemburgo pode ajudar cada vez mais algum do cinema português nesta lógica das coproduções.

O festival, este ano, celebra duas efemérides: os 500 anos de Camões e os 50 do 25 de Abril. Para evocar o nosso maior poeta foi ontem exibido Camões, de Leitão de Barros e, no fim de semana, na sessão de curtas, foi ainda programado O Velho do Restelo, de Manoel de Oliveira. A Revolução dos Cravos foi ilustrada com Menina, brilhante curta de Simão Cayatte, e Antes de Amanhã, de Gonçalo Galvão Teles.

Em contraste, a programação tem esta quinta-feira uma aposta no cinema de terror com A Semente do Mal, de Gabriel Abrantes, em parceria com o MOTELx. Exemplo de um cinema português de veia internacional.

Sexta-feira o encerramento está a cargo de uma comédia, Podia Ter Esperado por Agosto, de César Mourão, viagem até ao Soajo, no Alto Minho.