Incêndios
17 agosto 2024 às 10h55
Atualizado em 17 agosto 2024 às 18h15
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MAI envia equipa para ajudar a combater fogos na Madeira

Miguel Albuquerque decidiu por fim pedir ajuda ao Governo central. 76 elementos de Força Especial dos Bombeiros viajaram para a Madeira.

A Madeira aguarda a chegada 76 elementos da Força Especial dos Bombeiros  para ajudar no combate ao incêndio rural iniciado na quarta-feira e com várias frentes ativas, anunciaram este sábado o Governo Regional e o Ministério da Administração Interna (MAI).

Em comunicado enviado ao início da noite, o MAI informou que “o Governo Regional da Madeira formalizou, hoje [sábado], junto do Governo da República o pedido de apoio para o envio de uma força de proteção civil que vá reforçar o combate do incêndio que lavra, desde quarta-feira, 14 de agosto na ilha da Madeira”.

Na sequência desse pedido, partiu  durante a madrugada, “do aeroporto militar de Figo Maduro, uma Força Operacional Conjunta Constituída por 76 elementos”, entre os quais 25 elementos da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil; 16 Bombeiros Voluntários ; 15 militares da GNR/Unidade Especial de Proteção e Socorro; 16 elementos do ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e Florestas  e, ainda, quatro membros do INEM- Instituto Nacional de Emergência Médica.

O incêndio na Madeira, com várias frentes ativas, levou a evacuar, este sábado, as localidades de Terra Chã e Seara Velha, na freguesia do Curral das Freiras. Terão sido retiradas mais de 100 pessoas das suas casas. O incêndio já tinha ameaçado habitações em Câmara de Lobos.

No entanto, o pedido de ajuda ao Governo Central só chegou este sábado, depois de Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, ter recusado acionar mais cedo o mecanismo por considerar que os meios no terreno eram suficientes, o que motivou críticas de outras forças políticas da região. Paulo Cafôfo, líder do PS-Madeira, falou numa decisão “irresponsável” do chefe do Governo madeirense.

Este sábado, Ireneu Barreto, representante da República no arquipélago, disse também que tem mantido contacto sobre a situação com Marcelo Rebelo de Sousa, “que tem transmitido a sua grande preocupação e solidariedade”, lê-se numa nota distribuída pelo gabinete do juiz conselheiro. 

O Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram) disponibilizou duas linhas de apoio a todos os utentes da região, uma assegurada pelo serviço de psicologia, com o número 969320140, e a linha de apoio SRS 24h, assegurada pelo gabinete de apoio à família, com o número 800242420.

Albuquerque rejeita críticas da oposição. "Tudo está a correr dentro dos trâmites", aponta

Ao final da noite, Miguel Albuquerque (que acabara de chegar do Porto Santo, onde estava de férias) visitou o ponto operacional na Eira do Serrado.

Com a perspetiva de uma noite complicada para o combate às chamas (devido ao vento), o presidente do Governo Regional explicou que "se o incêndio se dirigir para norte", a noite será "mais calma", por não haver "habitações, nem residências nessa zona". No entanto, a situação poderia agravar-se caso a direção do vento mudasse. "Tudo depende de circunstâncias que não controlamos", resumiu.

Confrontado com as críticas da oposição (de que, alegadamente, terá recusado a ajuda do Governo central), Miguel Albuquerque rejeitou essa ideia. Referiu que a ajuda "está a chegar" e que, devido à dimensão (quase 80 operacionais), a operação logística leva tempo. Por isso, "tudo está a correr dentro dos trâmites", apontou, revelando ainda estar a coordenar apoio com os Açores.

Estando no local pela primeira vez desde o início do incêndio, Miguel Albuquerque afirmou ainda estar a "acompanhar desde o início" e que o Governo regional tem estado no terreno representado por outras figuras.

Mais de 100 operacionais combatem as três frentes ativas. Dezenas de habitações evacuadas

Mais de 100 operacionais de todas as corporações de bombeiros da Madeira, apoiados por 37 veículos, estão a combater as três frentes ativas do incêndio que deflagrou na quarta-feira, indicou o secretário regional da Proteção Civil.

Em conferência de imprensa nas instalações do Serviço Regional de Proteção Civil, no Funchal, Pedro Ramos adiantou que estão também no terreno, além dos bombeiros, 21 elementos do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, quatro operacionais da GNR e oito viaturas, assim como 11 agentes da PSP apoiados por oito viaturas.

Fazendo um ponto de situação do incêndio, que começou na quarta-feira de manhã no concelho da Ribeira Brava e alastrou no dia seguinte ao município vizinho de Câmara de Lobos, o governante informou que atualmente estão três frentes ativas: Jardim da Serra, Curral das Freiras e Encumeada.

O fogo está a lavrar na zona da Encumeada (Ribeira Brava), onde já foram retiradas ao final da tarde deste sábado cerca de 60 moradores das suas habitações, incluindo pessoas com mobilidade reduzida e acamadas que serão acolhidas no centro de saúde daquele município, disse.

No concelho de Câmara de Lobos também foram retiradas cerca de 50 famílias das suas casas, na freguesia do Curral das Freiras, na madrugada de hoje, e numa localidade da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos cerca de 60, durante a tarde.

Pedro Ramos indicou ainda que o Plano Regional de Emergência de Proteção Civil foi ativado.

Também o município de Câmara de Lobos decidiu ativar o Plano Municipal de Emergência, indicou o presidente da autarquia.

Em declarações à agência Lusa, Leonel Silva realçou que a decisão foi tomada atendendo à rápida evolução do incêndio, que começou na quarta-feira na Ribeira Brava e se propagou a Câmara de Lobos na noite do dia seguinte, e às previsões de continuação de vento e calor nos próximos dias.

"Considero que é importante ativar o Plano Municipal de Emergência e convocar a Comissão Municipal de Proteção Civil no sentido de fazermos um balanço da evolução dos trabalhos do terreno, e também de tomar medidas de preparar as próximas horas e os próximos dias de forma a conseguirmos que os meios empenhados estejam devidamente organizados para atender às necessidades das populações", salientou.

Marcelo tem sido informado

O Presidente da República tem sido informado sobre a situação dos incêndios na Madeira, tendo manifestado "preocupação e solidariedade", anunciou o gabinete do representante da República para esta região autónoma.

"O representante da República tem informado em permanência Sua Excelência o Presidente da República, que tem transmitido a sua grande preocupação e solidariedade", lê-se numa nota distribuída pelo gabinete do juiz conselheiro Ireneu Barreto.

O representante informa que tem "acompanhado de forma constante a evolução dos incêndios que afetam a região desde o dia 14", acrescenta.

Ireneu Barreto tem recebido informações do Governo Regional, do Serviço de Proteção Civil e do general comandante Operacional da Madeira, menciona.

Este responsável expressa ainda solidariedade com a população que está a ser afetada pelos incêndios e reconhece o trabalho dos bombeiros, autarcas e elemento da proteção civil que estão empenhados no combate ao fogo.

Funchal retira animais do canil

A Câmara do Funchal, na Madeira, está a retirar preventivamente alguns animais do canil municipal Vasco Gil, na sequência do incêndio que assola a região, embora afaste "qualquer perigo iminente".

Em comunicado, a autarquia adianta que, "no imediato, estão a ser retirados os animais mais debilitados e com idade mais avançada", acrescentando que "os meios de prevenção estão preparados, nomeadamente viaturas e identificação dos locais onde os animais possam ser acomodados, caso seja necessária uma retirada urgente".

O município recorda que, conforme já informou na sexta-feira, decidiu reforçar a vigilância e a prontidão operacional dos seus serviços.

"O executivo do Funchal manifesta solidariedade para com as populações que estão a ser diretamente afetadas pelos incêndios, e já disponibilizou aos concelhos vizinhos toda a colaboração necessária", lê-se ainda no comunicado.

A Madeira está a ser atingida por um incêndio que teve início na quarta-feira de manhã, numa zona de difícil acesso, na freguesia da Serra de Água, no município da Ribeira Brava, propagando-se depois para o o concelho vizinho de Câmara de Lobos.

*com Lusa

Tópicos: Madeira, incêndio