Dinheiro
12 dezembro 2024 às 14h10
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Operadores querem ser "clientes prioritários" na energia e pedem "fundos públicos" para o 5G

Posição é defendida pela associação setorial Apritel num conjunto de recomendações que submeteu na consulta pública da Estratégia Digital Nacional.

Os operadores de telecomunicações defendem "o estatuto de clientes prioritários no fornecimento de energia" e que o Governo disponibilize "fundos públicos, que complementem o investimento privado", no desenvolvimento da rede móvel de quinta geração. O apelo consta nas oito recomendações que a Associação de Operadores de Comunicações Eletrónicas (Apritel) enviou ao executivo no âmbito da consulta pública da Estratégia Digital Nacional, que terminou no dia 5 de dezembro, tendo recebido mais de 40 contributos.

“Portugal tem nos próximos anos uma oportunidade única para se afirmar como líder na transição tecnológica e como uma economia digital de referência, sendo o papel do setor das comunicações eletrónicas central para que seja possível ao país, no seu todo, alcançar os objetivos a que se propõe", afirma Pedro Mota Soares, secretátio-geral da Apritel, num comunicado enviado à redação esta quinta-feira.

Para assumir o referido papel central, Mota Soares alerta que é "necessário criar condições para que o setor, que nos últimos sete anos investiu mais de dez mil milhões de euros, continue a contribuir para o desenvolvimento económico do país e para a coesão social e territorial".

Uma das recomendações da Apritel passa pela criação de um mecanismo de resposta rápida às necessidades e pedidos dos operadores de comunicações eletrónicas por parte das entidades competentes.

Por isso, os operadores querem que lhes seja atribuído "o estatuto de clientes prioritários no fornecimento de energia e que seja criado um grupo de trabalho que inclua representantes do Governo, da Associação Nacional de Municípios Portugueses e dos operadores de comunicações que, em tempo útil, formule uma proposta para que sejam revistos e harmonizados o regime jurídico da construção, acesso e instalação de redes e infraestruturas de comunicações e os regulamentos municipais.

"Garantir a estabilidade, previsibilidade e fiabilidade regulatória no setor, redirecionando as políticas para o fomento da inovação, desenvolvimento, resiliência e segurança das redes, nomeadamente através da redução dos encargos com taxas regulatórias e dos custos de espetro, e a promoção de licenças de espetro mais prolongadas, tal como recomendado por diversos documentos divulgados pela Comissão Europeia e pelos relatórios Letta e Draghi, de forma a incentivar o investimento nas redes de comunicações eletrónicas", é outra recomendação.

A associação que junta Vodafone, Altice e NOS, também quer que o Governo seja sensível a políticas setoriais "que contribuam para o aumento da escala dos operadores nacionais".

"Reforçar a coesão territorial e a conetividade de toda a população", é outra recomendação. Para isso, "além da redução das taxas de espetro que consomem recursos relevantes",  a Apritel refere que o "cumprimento do objetivo de 100% das áreas povoadas abrangidas por redes de alta velocidade 5G requer o compromisso do Governo com a disponibilização de fundos públicos que complementem o investimento privado".

Outro objetivo que os operadores referem ser importante alcançar com a Estratégia Digital Nacional passa por "tornar Portugal um hub digital internacional de excelência, tirando partido das vantagens do país neste domínio". Por isso, a quinta recomendação da Apritel é a "criação de um enquadramento específico que incentive e viabilize investimentos de longo prazo por parte de empresas nacionais e posicione Portugal como um destino privilegiado para a instalação de centros de dados sustentáveis e como porta de entrada para cabos submarinos e teleportos, aumentando o investimento estrangeiro no setor e contribuindo para o crescimento da economia digital e sustentável".

"Promover a literacia digital para todos os cidadãos, independentemente da idade, escolaridade ou condição socioeconómica, fator crítico de inclusão e mobilidade social", é a sexta recomendação, com os operadores defenderem o lançamento Programa Nacional de Literacia Digital e Capacitação em Tecnologias de Informação e Comunicação.

"Acelerar a transição digital das empresas, independentemente da sua dimensão, localização ou setor, garantindo maior acesso às tecnologias mais inovadoras e aos serviços que as disponibilizam", é a sétima sugestão. "Neste ponto, está incluída a criação de um programa de transformação digital para as Pequenas e Médias Empresas através do qual se incentivaria a adoção de serviços cloud e ferramentas digitais e apoiaria o desenvolvimento de startups tecnológicas", lê-se.

 A oitava recomendação da Apritel visa a digitalização dos serviços do Estado. Os operadores defendem esse passo para "evoluir o ecossistema de serviços não digitais das diferentes esferas - centrais, regionais e locais - da Administração Pública para plataformas online".