Vladimir Putin garantiu ontem que a Rússia está “pronta” para uma guerra nuclear com o Ocidente, uma ameaça que já tinha usado no final de fevereiro, durante o seu discurso anual às duas câmaras da Assembleia Federal, e antes disso em setembro de 2022, quando a “operação militar especial” na Ucrânia o obrigou a anunciar uma mobilização militar parcial. O palco desta vez foi uma entrevista dada à televisão estatal russa na semana em que se realizam as presidenciais (entre sexta-feira e domingo) onde não têm verdadeiros adversários.
“De um ponto de vista técnico-militar, nós estamos, é claro, prontos”, garantiu o presidente russo quando questionado se Moscovo está preparada para uma guerra nuclear. “A nossa tríade nuclear é mais moderna do que qualquer outra tríade. Somente nós e os americanos temos realmente tais tríades. E avançámos muito mais aqui”, prosseguiu Putin, referindo-se ao arsenal tripartido de armas da Rússia, lançadas a partir de terra, mar e ar. “Estamos prontos para usar armas, incluindo quaisquer armas - incluindo as armas que mencionou - se for uma questão da existência do Estado russo ou de danos à nossa soberania e independência”, acrescentou.
O líder russo avisou ainda que a presença de tropas norte-americanas na Ucrânia seria considerada uma escalada no conflito e que “será assim tratada” se vier a acontecer, embora tenha dito não acreditar neste cenário.
Putin também afastou o cenário colocado pelo presidente francês, que não descartou o envio de tropas para a Ucrânia, dizendo que “os militares dos países ocidentais estão presentes na Ucrânia há muito tempo” - aqueles a quem o Kremlin chama de mercenários - “mas se falarmos de contingentes militares oficiais de países estrangeiros, tenho certeza de que isso não mudará a situação no campo de batalha”.
Embora tenha dado este sinal de confiança de que Moscovo alcançará os seus objetivos na Ucrânia, Vladimir Putin disse estar aberto a negociações, acrescentando que qualquer acordo exigiria garantias firmes do Ocidente. “Estamos preparados, mas apenas para negociações que não se baseiem em alguns desejos após o uso de psicotrópicos, mas nas realidades que foram criadas, como dizem nestes casos, no terreno”, frisou.