O líder do PSD-Madeira, Miguel Albuquerque, garantiu neste sábado, no final de uma reunião da comissão política regional dos sociais-democratas, que não se afastará da presidência do Governo Regional da Madeira mesmo que a moção de censura "inoportuna e inaceitável" apresentada pelo Chega venha a ser aprovada na Assembleia Legislativa Regional.
"Se pensam que vou sair, para porem um líder provisório, e depois deitarem abaixo e conquistarem o poder, estão enganados", disse Albuquerque, respondendo a perguntas de jornalistas acerca do cenário, admitido por alguns dirigentes da oposição madeirense, de o Governo Regional da Madeira continuar em funções desde que mude de presidente e retire os quatro secretários regionais que foram constituídos arguidos em vários processos judiciais.
"Isso seria uma fraude e é uma tentativa de dividir e de enfraquecer o partido por dentro", insistiu, argumentando que tal hipótese seria "considerar que quando o povo madeirense vota num partido, numa eleição regional, não vota no candidato a presidente do Governo".
Face ao que descreveu como "uma situação estranhíssima, que o PSD irá enfrentar, como sempre enfrentou, em campo aberto e de cabeça levantada", Miguel Albuquerque também aproveitou para atacar o PS, principal partido da oposição madeirense, que irá decidir neste sábado se apoia a moção de censura apresentada pelo Chega. "Não deixa de ser um pouco estrano, uma vez que faz um ataque implacável ao PS. O grotesco da situação - que, penso, só na Madeira pode acontecer - é o PS votar uma moção onde o partido e o seu líder são apelidados de incompetentes e vilipendiados", disse o social-democrata.
Dirigindo-se ao Chega-Madeira, Albuquerque partilhou a sua dedução de que a moção de censura foi "imposta pela liderança nacional do Chega, no sentido de criar instabilidade política na região". E não esqueceu, num apelo aos partidos para terem "sentido de responsabilidade em relação aos interesses da Região Autónoma da Madeira e da sua população", de recordar que o programa de Governo e o Orçamento Regional foram aprovados há poucos meses, o que só foi possível devido ao grupo parlamentar que agora apresenta uma moção de censura.
O líder dos sociais-democratas madeirenses garantiu que "não temos qualquer problema em ir a eleições, se for necessário", mas também enumerou consequências negativas da instabilidade política que se poderá gerar, com impacto no desenvolvimento, na economia e na empregabilidade. E revelou que a primeira consequência prática da moção de censura, à qual chamou "expediente parlamentar", foi o cancelamento da cimeira que na próxima semana iria juntar o primeiro-ministro Luís Montenegro, o presidente do Governo Regional dos Açores (e anfitrião), José Manuel Bolieiro, e ele próprio, enquanto presidente do Governo Regional da Madeira.