PS
20 janeiro 2024 às 22h58
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Pedro Nuno Santos ironiza com críticas da Iniciativa Liberal

O secretário-geral do PS "obviamente" não esperava elogios ao seu trabalho do líder da IL. E após uma reunião sobre saúde na sede do partido defendeu o SNS.

Pedro Nuno Santos desvalorizou hoje as críticas que lhe foram feitas pelo líder da Iniciativa Liberal, referindo que não esperava, "obviamente", de Rui Rocha elogios ao seu trabalho. "Eu não esperava, obviamente, do líder da Iniciativa Liberal elogios ao meu trabalho, isso nunca aconteceria. Não é suposto, não estamos à espera e, por isso, não esperaria elogios", disse o secretário-geral do PS,, numa conferência de imprensa, na sede do PS, em Lisboa.

O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, desafiou hoje os portugueses a refletir se querem "um demitido" para primeiro-ministro, referindo-se ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, um candidato que "vai acumulando nódoas no currículo", em declarações na Póvoa de Varzim.

Pedro Nuno Santos disse não saber do que fala o líder da IL, porque o que tem "para apresentar são resultados". "E são resultados dos quais me orgulho", vincou.

O secretário-geral do PS defendeu que, na vida, no trabalho e na governação faz, concretiza e resolve problemas. "Eu resolvi muitos problemas enquanto lá estive [no Governo - enquanto ministro das Infraestruturas]. Foi tudo perfeito? Não, não foi. Mas na vida e no trabalho não é sempre tudo perfeito. Mas quando vamos ao que importa e ao que é central, conseguimos resolver problemas e conseguimos entregar resultados", afirmou.

Resposta aos problemas do SNS não passa por desistir deste

Pedro Nuno Santos admitiu haver problemas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), referindo que a resposta aos mesmos não passa por desistir daquele sistema, como alguns partidos já fizeram.

No final de uma reunião na sede do PS, em Lisboa, com personalidades do setor da saúde, Pedro Nuno Santos disse que daquele encontro "sai uma nota de muita confiança ao SNS".

"Esta nota de confiança do SNS é muito importante, quando há partidos que se apresentam a eleições desistindo à partida do SNS. O PS não desiste do SNS, o PS quer continuar a apostar e a investir no SNS, o serviço que permite que todos os portugueses, independentemente das suas condições financeiras, sejam tratados e sejam tratados com qualidade. Isso não quer dizer que não tenhamos problemas no SNS. Não achamos é que a resposta a esses problemas passe por desistir do SNS", afirmou.

Da reunião "muito longa e participada" de hoje, que começou pelas 15:00 e durou cerca de seis horas, "saíram ideias e propostas" e, segundo Pedro Nuno Santos, "algumas vão estar vertidas no programa eleitoral do PS", que o partido deverá apresentar no início de fevereiro.

A reunião de hoje foi a primeira de várias que o PS irá promover no âmbito da construção do programa eleitoral para as eleições legislativas de 10 de março.

O encontro dedicado à saúde contou com a presença, entre outros dos antigos diretores-gerais de Saúde Graça Freitas, Francisco George e Constantino Sakellarides, do antigo ministro Correia de Campos e dos médicos Daniel Sampaio, Eduardo Barroso e Álvaro Beleza.

O secretário-geral do PS recordou que está em curso uma reforma de reorganização e gestão do SNS, mas admitiu que "há muito para fazer, que ainda hoje não é feito, pelo menos não é feito de forma suficiente".

"Nomeadamente no que diz respeito à saúde oral, também no que diz respeito à saúde mental, onde temos que fazer um investimento muito importante, nomeadamente nos cuidados de saúde primários, mas também no envelhecimento", especificou.

Pedro Nuno Santos considera que o SNS "tem que se adaptar a uma população mais envelhecida e tem que ter uma resposta para a população mais envelhecida do país".

O PS, disse, quer "um SNS defendido, protegido, que vê reformada a sua organização e gestão, que valoriza os médicos, os enfermeiros, os técnicos e os assistentes, e que quer continuar a dar novas respostas, a procurar novas respostas no SNS".

Em relação aos profissionais de saúde, o secretário-geral do PS considerou ser "importante rever e olhar para as carreiras", mostrando vontade em "encontrar soluções", para que quem trabalha no SNS se sinta valorizado.

Pedro Nuno Santos admitiu que é preciso "atuar em várias frentes" e defendeu que o SNS é "um dos principais ativos que o povo português tem" e que "o PS quer defender".

Pedro Nuno acusa Ventura de desvalorizar pandemia e resposta do país

Pedro Nuno Santos acusou entretanto o líder do Chega, André Ventura, de desvalorizar a pandemia de covid-19 e a capacidade de resposta de Portugal, ao defender uma comissão de inquérito à gestão do Governo.

"Quem defende uma comissão de inquérito desvaloriza o que estava a acontecer e desvaloriza a resposta que o país deu. E é por isso que eu quero colocar as atenções naquilo que é importante: na capacidade que o país teve para dar resposta a uma pandemia que a todos apanhou desprevenidos", afirmou Pedro Nuno Santos.

O líder do Chega, André Ventura, anunciou na sexta-feira, em Braga, que, quando começar a nova legislatura, o partido vai propor uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da covid-19 por parte do Governo, particularmente no que respeita à compra de vacinas e de testes.

Para o secretário-geral do PS, é importante discutir-se "a melhor utilização dos recursos públicos, o que se fez, o que se fez bem, o que se fez mal".

"É por isso que existe uma Assembleia da República que fiscaliza a ação do Governo. Nem é preciso fazer comissões parlamentares de inquérito. Isso serve apenas para números mediáticos", defendeu.

Pedro Nuno Santos referiu que no parlamento se "fiscaliza a ação governativa todos os dias, durante a semana, todas as semanas".

"Esse trabalho de fiscalização deve ser feito. Não percamos de vista a capacidade que o país teve para fazer face à pandemia e para proteger o povo português", disse.

Na quinta-feira, o Tribunal de Contas (TdC) revelou que os preços fixados pelo Governo para os testes de diagnóstico da covid-19 resultaram num aumento da despesa pública estimado em 153,4 milhões de euros entre 2020 e 2021.

Num relatório divulgado no seu 'site', o TdC conclui que os preços fixados pelo Ministério da Saúde para os testes de diagnóstico da doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), "nem sempre tiveram subjacente a fundamentação técnica apresentada pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA, IP)".

Isto "prejudicou a transparência dos respetivos processos de formação de preços e se traduziu em acrescida despesa pública", conclui o relatório.