Médio Oriente
28 setembro 2024 às 12h46
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Hezbollah confirma morte do seu líder. "Hassan Nasrallah juntou-se aos seus companheiros mártires"

A morte de Hassan Nasrallah tinha sido anunciada pelo exército israelita e foi agora confirmada. as forças israelitas efetuaram um ataque aéreo preciso na sexta-feira enquanto a direção do Hezbollah se reunia no seu quartel-general em Dahiyeh, a sul de Beirute.

O Hezbollah confirmou a morte do seu líder num ataque aéreo israelita, segundo a agência norte-americana AP. A morte de Hassan Nasrallah tinha sido anunciada pelo exército israelita. 

"Hassan Nasrallah juntou-se aos seus companheiros mártires (...) cuja marcha liderou durante quase 30 anos", anunciou um comunicado do grupo pró-iraniano citado pela agência francesa AFP.

O Hezbollah não menciona no comunicado as circunstâncias da morte de Nasrallah, de acordo com a agência espanhola EFE. 

No entanto, o partido xiita libanês já se comprometeu a continuar a "guerra santa" contra Israel em apoio da Palestina e em defesa do Líbano, apesar da morte do seu líder, Hassan Nasrallah.

"A direção do Hezbollah continuará a sua 'jihad' contra o inimigo em apoio de Gaza e da Palestina, em defesa do Líbano", disse o partido numa declaração publicada pela sua rede de televisão Al Manar.

Num comunicado divulgado este sábado, o exército israelita anunciou a morte de Nasrallah e de outros comandantes da organização xiita pró-iraniana.

"Hassan Nasrallah está morto", declarou o porta-voz do exército, tenente-coronel Nadav Shoshani, nas redes sociais, citado pela agência francesa AFP. A morte do líder do Hezbollah terá ocorrido num ataque na sexta-feira à sede da organização em Beirute.

Os militares israelitas afirmaram ter efetuado um ataque aéreo preciso na sexta-feira enquanto a direção do Hezbollah se reunia no seu quartel-general em Dahiyeh, a sul de Beirute, segundo a agência norte-americana AP. 

Além de Nasrallah, morreram outros comandantes do Hezbollah, segundo os militares israelitas. 

Israel já tinha matado em 20 de setembro o chefe das operações militares e das forças de elite, Ibrahim Aqil, num outro ataque em Beirute, em que morreram também 16 outros membros do Hezbollah e dezenas de civis.

No final de julho, num outro atentado à bomba em Beirute, foi morto o então número dois do Hezbollah, Fuad Shukr.

 

Num comunicado citado pelo jornal libanês L'Orient du Jour, o exército israelita disse que "durante os 32 anos em que esteve ao leme" do partido xiita, Nasrallah "foi responsável pelo assassinato de inúmeros cidadãos e soldados israelitas".

O Hezbollah libanês é um dos principais inimigos de Israel.

Esta formação política e militar, criada, armada e financiada pelo Irão, esteve envolvida num conflito mortal com Israel em 2006, que traumatizou o Líbano, mas durante o qual consolidou o poder.  

Após o ataque do Hamas a Israel em 07 de outubro de 2023 e o início da guerra em Gaza, o Hezbollah atacou o norte de Israel em apoio ao aliado palestiniano.

Os confrontos transfronteiriços degeneraram num conflito quase total no início da semana, com Israel a lançar uma campanha de bombardeamento maciço contra os bastiões do Hezbollah no sul e leste do Líbano e nos subúrbios do sul de Beirute.

Durante meses, Israel enfraqueceu consideravelmente o movimento, eliminando um a um os seus mais altos comandantes, incluindo o chefe militar Fouad Chokr, morto em julho num ataque aos subúrbios do sul de Beirute.

Segundo a agência France-Presse, a confirmação da morte de Hassan Nasrallah será um golpe sem precedentes para o movimento.

O "Partido de Deus" foi criado em 1982, na sequência da invasão israelita do Líbano, por iniciativa dos Guardas da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica do Irão.

Tornou-se a "ponta de lança" da luta contra Israel, que se foi retirando progressivamente do Líbano até 2000, após 22 anos de ocupação.

Desde então, vários episódios de violência opuseram o Líbano a Israel, culminando numa guerra em 2006, na sequência do rapto de dois soldados israelitas na fronteira entre os dois países.

Israel lançou então uma grande ofensiva. A guerra, que durou 33 dias, causou a morte de 1.200 libaneses, na maioria civis, e 160 israelitas, maioritariamente soldados.

A Resolução 1701 do Conselho de Segurança, que pôs fim à guerra, estipulava que apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz da ONU deveriam ser destacados para o sul do Líbano. 

Mas o Hezbollah manteve a presença na região, onde os peritos dizem que escavou uma rede de túneis.

Reforçou o seu arsenal, que inclui mísseis teleguiados, e afirma ter 100.000 combatentes.

As principais instituições do movimento têm sede nos subúrbios do sul de Beirute desde que o antecessor de Nasrallah, Abbas Moussaoui, foi assassinado por Israel em 1992.

O Hezbollah é o membro mais influente do "eixo de resistência" promovido pelo Irão contra Israel, que inclui o Hamas palestiniano, os rebeldes Huthis no Iémen e grupos iraquianos.

O Hezbollah também prestou apoio militar ao regime de Bashar al-Assad na Síria, onde uma revolta popular em 2011 degenerou numa insurreição armada.

No final da guerra civil libanesa (1975-1990), o Hezbollah foi a única fação a conservar as armas, em nome da resistência contra Israel.

Estabeleceu-se como uma força política no Líbano, com os detratores a acusarem-no de constituir um "Estado dentro do Estado".

Hassan Nasrallah, 67 anos, era considerado o homem mais poderoso do país, de acordo com a AFP. 

Era membro do governo e do parlamento, onde nem o seu campo nem os seus opositores têm maioria absoluta, o que impediu a eleição de um Presidente da República durante quase dois anos.

A popularidade e influência crescente de Nasrallah no seio da comunidade xiita eram apoiadas por uma vasta rede de escolas, hospitais e associações ao serviço dos seus apoiantes.

Em 1997, os Estados Unidos colocaram o Hezbollah na lista de organizações terroristas, sujeitas a sanções económicas e bancárias.

Responsabilizam-no pelo atentado que matou mais de 200 fuzileiros norte-americanos em Beirute, em 1983, e pela tomada de reféns ocidentais durante a guerra no Líbano.

Desde 2013, a União Europeia considera também o braço armado do movimento como uma organização terrorista.

O Hezbollah é acusado de envolvimento no assassinato do antigo primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, pelo qual dois dos seus membros foram condenados à revelia a prisão perpétua em 2022.

(Em atualização)

Tópicos: Hezbollah, Israel