A líder parlamentar do PS acusou hoje o Governo de só fazer anúncios e de estar em permanente campanha eleitoral, considerando ainda que está a levar a ideologia para a educação e a ceder à extrema-direita na segurança e imigração.
Em declarações aos jornalistas no 42.º Congresso Nacional do PSD, após ter assistido ao encerramento, Alexandra Leitão considerou que o que se assistiu no discurso de Luís Montenegro foi "anúncios e mais anúncios".
"Anúncios que são feitos mesmo antes de qualquer tipo de avaliação sobre os outros anúncios que já foram feitos e que estão em execução", criticou, acusando o Governo de estar em "permanente campanha eleitoral".
A líder parlamentar do PS deu o exemplo do plano que tinha sido anunciado pelo Governo para a educação, frisando que já se sabe que o processo de se ir "buscar professores aposentados não resultou" e o país continua a ter "dezenas de milhares de alunos sem aulas".
"Antes mesmo de esse outro anúncio estar minimamente executado, temos aqui hoje um anúncio que, no seu geral, representa o que já sabíamos sobre o PSD: é um partido que só tem social-democrata no nome", afirmou, salientando que, em matéria de serviços públicos, o partido quer "tirar do público para dar ao privado".
Fez "um anúncio que, já agora, para quem quer tirar amarras ideológicas, é profundamente ideológico ele próprio, quer do ponto de vista do que aparentemente se pretende fazer na disciplina de cidadania, mas também muito ideológico quando quer retomar o financiamento aos privados", disse, acrescentando que esse financiamento será retirado, "obviamente", da escola pública.
"Portanto, continuamos a ter este processo de retirar recursos ao público para pôr no privado. É a política da direita. O que assistimos hoje é a confirmação de que esta é a política do Governo", disse.
Alexandra Leitão considerou ainda que, no discurso de Luís Montenegro, houve "uma ausência total de referência ao interior, à coesão territorial", assim como à habitação, acrescentando que parece que o PSD "enterrou definitivamente a regionalização", e criticou as "medidas avulsas e pouco compreensivas" anunciadas para a cidade de Lisboa.
"Lisboa, antes de grandes anúncios sobre grandes polis, talvez fosse mais importante que a higiene urbana em Lisboa funcionasse. (...) Tirar o lixo da rua, começávamos por aí, começávamos devagarinho, pelas coisas que importam às pessoas em Lisboa", afirmou.
Já interrogada sobre os anúncios feitos relativamente à segurança por Luís Montenegro, Alexandra Leitão respondeu: "Acho que a aliança que apoia o Governo está a tentar apropriar-se do discurso da extrema-direita e uma das áreas em que o está a fazer é na segurança, a outra é na imigração".