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Política
14 dezembro 2024 às 00h25
Leitura: 6 min

Congresso do PCP. BE, LIVRE e PAN aceitam analisar “convergência” eleitoral com PCP

Paulo Raimundo, que exclui o “cúmplice” PS da “alternativa”, desafia “democratas” de esquerda para a “concretização” de uma “convergência” contra as “forças reacionárias”.

BE, LIVRE e PAN, que foram excluídos por Paulo Raimundo de serem “forças reacionárias” ou “cúmplices” de “fabricadas discordâncias” como PSD, CDS, IL, Chega e PS, aceitam analisar a proposta de “convergência” alargada com PCP e PEV para a “derrota dos projetos reacionários” nas eleições Autárquicas e Legislativas.

Assumindo-se o PCP “como a verdadeira força de oposição, resistência e de alternativa”, o desafio é, defende Paulo Raimundo, a “ampliação da convergência de todos os democratas e patriotas” e a “concretização da [uma] alternativa” que contribua para “ampliar a base política para abrir caminho a um Portugal com futuro”.

Fabian Figueiredo, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, garante, em declarações ao DN, em resposta ao desafio de Paulo Raimundo, que o seu partido “estará sempre disponível para convergências” em eleições Autárquicas ou Legislativas “que mudem as vida das pessoas (…) para pontes à esquerda, para projetos programáticos”. 

E até elogia a “historia de trabalho conjunto” entre comunistas e bloquistas  - “que valorizamos”, acrescentou - em particular no trabalho “na Assembleia da República”.

O LIVRE, que “é a favor das mais amplas convergências progressistas possíveis” e que “tomou a iniciativa (…) de reunir com os partidos de esquerda precisamente sobre esse tema”, diz ao DN já ter “sinalizações de interesse em convergências a nível local, por parte de partidos da esquerda e da ecologia” [sem especificar quais] que está “a analisar com todo o interesse”. 

“Não foi ainda o caso por parte do PCP”, mas diz o partido “se tal vier a suceder, teremos a mesma disponibilidade para analisar propostas em concreto”.

O PAN, que por agora não recusa o cenário de “convergência”, remete para mais tarde explicações sobre a “estratégia autárquica” que será aprovada pela Comissão Política Nacional. 

“O PAN está internamente a debater a estratégia autárquica e que seu tempo irá dar a conhecer as/os candidatas/os e eventuais coligações a que haja lugar”, diz o partido ao DN.

Em entrevista ao DN, o secretário-geral dos comunistas tinha já excluído qualquer “convergência” com os socialistas, por exemplo para as Autárquicas, justificando que o “PS fez as suas escolhas e está ao lado do PSD”.

Ao DN, um dirigente socialista responde à exclusão do PS, acusado de ser “cúmplice” de “forças reacionárias”, parafraseando a argumentação de Paulo Raimundo: “O PCP fez as suas escolhas”.

Paulo Raimundo, no discurso de abertura do XXII Congresso que decorre até amanhã, argumentou que “não sendo surpresa, não se pode deixar de registar a opção cúmplice do PS” de Pedro Nuno Santos de aprovar “um caminho em curso” que “acentua a desigualdade na distribuição da riqueza, desvaloriza e degrada os serviços públicos, promove privatizações e a liberalização de sectores, privilegia os fundos e a especulação imobiliária negando o acesso à habitação, transfere para o povo o peso da fatura da política de classe prosseguida”.

“Este caminho” das “forças reacionárias” e de uma “política de classe levada por diante pela mão do PS” de  António Costa é agora acentuado, acusa o secretário-geral do PCP, pelo “Governo de turno do PSD e do CDS, que age em sintonia com os projetos das forças mais reacionárias, Chega e IL”.

Para o líder dos comunistas, “por maiores que sejam agora as proclamações oposicionistas ou as abstenções violentas” do PS dirigido por Pedro Nuno Santos a “teia de cumplicidades” com as “forças reacionárias”, alega, “não pode ser disfarçada”.

Se “o PSD e o CDS tiveram o Orçamento aprovado, o PS criou-lhes as condições para isso, libertando o Chega e a IL de ter de votar a favor. Todos e, para lá de fabricadas discordâncias, são cúmplices do caminho em curso”, acusa Paulo Raimundo.  

“Forças que, sendo diferentes entre si, estão unidas naquilo que é essencial aos interesses do grande capital”, resume.

A “luta” na rua e nas empresas

Não havendo “nenhum golpe de asa nem uma solução mágica” apesar da “convergência”, a solução também é, incentivou o secretário-geral do PCP, “tomar a iniciativa e lutar, lutar ainda mais e com mais gente, reforçar as organizações dos trabalhadores e das massas populares (…)  confirmando o enraizamento, influência, capacidade de intervenção, ação, mobilização e luta do movimento sindical unitário e da CGTP-IN”. 

Um incitamento a lutas “a partir das empresas e locais de trabalho, com um forte envolvimento e participação dos trabalhadores, em greves, paralisações, plenários, concentrações, abaixo-assinados, desfiles, manifestações” que Paulo Raimundo  traduz pelo que diz ser o “reforço da luta de massas e do alargamento da frente social de luta”. 

“Demore o tempo que demorar”, exaltou. Ou, como se diz no “venham mais cinco” de Zeca Afonso, no último álbum antes do 25 de Abril, “A bucha é dura. Mais dura é a razão que a sustem”.