A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, teve esta quinta-feira a demonstração do peso político adquirido nos últimos cinco anos com a eleição, por uma maioria absoluta de 401 votos, para um segundo mandato no cargo.
Para o novo mandato compreteu-se, discursando perante o Parlamento Europeu (PE) antes da votação, a estabeleceu o alargamento do bloco europeu como uma "prioridade fundamental", a rejeitar a "polarização extrema das sociedades" europeias e a deixar que "demagogos e extremistas destruam" a UE.
A presidente do executivo comunitário anunciou ainda a intenção de criar, no novo mandato, uma vice-presidência do executivo comunitário para coordenar a competitividade e prosperidade, assente em menos burocracia e num novo pacto industrial e 'verde' e três novas pastas de comissários europeus, um para a Defesa, outro para gerir migrações no Mediterrâneo e outro para a Habitação.
Em 2019, Ursula von der Leyen emergiu quase do nada para dirigir a instituição mais poderosa da União Europeia (UE), a Comissão Europeia, mantendo-se sempre na liderança para ser reconduzida num segundo mandato, decisão confirmada pelo Conselho Europeu, na cimeira de 27 de junho, que a nomeou para o cargo.
A conservadora alemã, de 65 anos, passou com 401 votos a favor, 284 contra, 15 abstenções e sete votos em branco, no crivo do Parlamento Europeu (PE), onde precisava de uma maioria absoluta de 361 votos (metade mais um) a favor para ser confirmada no cargo.
Médica de formação, Von der Leyen angariou o apoio de outras forças políticas no hemiciclo europeu como os Socialistas e Democratas, que asseguraram o cargo de presidente do Conselho Europeu para o ex-primeiro-ministro português António Costa, e os liberais, que conseguiram a nomeação da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, sendo por inerência vice-presidente do executivo comunitário.
Ursula von der Leyen foi sempre a grande favorita à sua própria sucessão, tendo sido a 'spitzenkandidat' (candidata principal) do Partido Poplular Europeu (PPE, que venceu as eleições europeias de 09 de junho com 188 mandatos) tendo sido a eleita num congresso celebrado em março em Bucareste, no qual apresentou como grandes prioridades de um eventual segundo mandato "democracia, prosperidade e segurança".
Ao preparar esta recondução, a antiga ministra da Defesa alemã, a primeira mulher a ocupar tal cargo na Alemanha, traçou um objetivo geral: dar prioridade à proteção da Europa, quer em termos democráticos, quer de defesa.
Von der Leyen, que em 2019 se tornou a primeira mulher a liderar a Comissão Europeia, nasceu em 08 de outubro de 1958 em Bruxelas.
Aderiu à União Democrata-Cristã (CDU) em 1990 e envolveu-se na política ativa seis anos depois, na Baixa Saxónia, onde exerceu vários cargos locais e estaduais até ser eleita, em 2004, para o comité de liderança do partido.
A nível federal, o seu primeiro cargo foi, em 2005, de ministra dos Assuntos Sociais no primeiro governo de Ângela Merkel e quatro anos depois foi eleita deputada, mas foi reconduzida no cargo dos Assuntos Sociais.
Em 2010, foi eleita vice-presidente da CDU e foi vista durante muitos anos como a possível sucessora de Merkel.
A conservadora integrou o gabinete da chanceler pela primeira vez em 2005 como ministra dos Assuntos Sociais, tendo lutado pelo pagamento de licença parental aos pais que desejam usufruir desse direito e conseguiu também introduzir uma quota para mulheres nas administrações das empresas.
Em 2013 assumiu a pasta da Defesa.
Filha de um antigo funcionário europeu e depois primeiro-ministro da Baixa saxónia, é casada desde 1986 com Heiko von der Leyen, com quem tem sete filhos.
Licenciou-se em medicina em 1980, depois de ter desistido do curso de economia, e exerceu a especialidade de ginecologia.