Guerra na Ucrânia
28 maio 2024 às 15h35
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Putin avisa Europa para "graves consequências" do uso de armas da NATO

O Presidente russo, Vladimir Putin, considerou esta terça-feira que o único poder legítimo na Ucrânia pertence agora ao parlamento ucraniano e não ao Presidente, alegando que o mandato de Volodymyr Zelensky terminou em 20 de maio.

O Presidente russo, Vladimir Putin, advertiu esta terça-feira a Europa das "graves consequências" se os países da NATO permitirem que a Ucrânia utilize armas ocidentais contra alvos em território russo.

"Estes representantes dos países da NATO, especialmente na Europa, especialmente nos países pequenos, devem saber com o que estão a brincar", afirmou Putin numa conferência de imprensa no final de uma visita ao Uzbequistão.

"Devem lembrar-se que, regra geral, são Estados com territórios pequenos, mas densamente povoados", afirmou, citado pela agência espanhola EFE.

Putin insistiu que este é o fator que os países ocidentais "devem ter em conta antes de falarem em lançar ataques contra o interior do território russo".

"Esta escalada constante pode ter consequências graves e, se essas consequências graves se fizerem sentir na Europa, como é que os Estados Unidos vão reagir?", questionou, aludindo à paridade nuclear entre as duas superpotências.

"Será que eles querem um conflito global?", acrescentou.

O secretário-geral da NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, defendeu no fim de semana a possibilidade de armas dos aliados ocidentais poderem ser usadas pela Ucrânia para atacar território russo.

"Talvez seja altura de alguns aliados considerarem a possibilidade de levantar este tipo de restrições à utilização das armas que enviam para a Ucrânia", afirmou Stoltenberg numa entrevista à revista britânica The Economist.

Na sequência da entrevista, França e Itália recusaram que seja permitido que a Ucrânia utilize armas que lhe são fornecidas contra alvos em território russo, enquanto a República Checa admitiu essa possibilidade.

"É totalmente lógico", disse o primeiro-ministro checo, Petr Fiala numa conferência de imprensa em Praga.

Na segunda-feira, a Assembleia Parlamentar da NATO, uma instituição independente da Aliança Atlântica, aprovou uma declaração de apoio à capacidade da Ucrânia de atacar alvos militares na Rússia também com armas fornecidas por países aliados.

O texto foi aprovado por 47 dos 56 países ou instituições que compõem o organismo, que funciona como elo de ligação entre a NATO e os parlamentos dos países membros da Aliança Atlântica.

A Rússia, que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, tem em curso uma nova ofensiva desde 10 de maio, depois de ter sustido uma contraofensiva ucraniana no verão.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que esta terça-feira visita Portugal, tem criticado com insistência o atraso no fornecimento de armas e a recusa dos aliados em que possam ser usadas para atacar território russo.

Putin alega que Zelensky já não é Presidente

"A Constituição ucraniana prevê a extensão dos poderes, mas apenas da Rada [Parlamento], e não diz nada sobre a extensão dos poderes do Presidente", disse Putin no final de uma visita ao Uzbequistão.

Putin reconheceu que a lei ucraniana proíbe a realização de eleições presidenciais enquanto estiver em vigor a lei marcial, mas disse que isso não significa que as funções do atual chefe de Estado sejam automaticamente alargadas.

"A Constituição [da Ucrânia] não diz nada sobre isso", afirmou, insistindo que "de facto, as funções presidenciais passaram para o chefe do Parlamento ucraniano".

Putin já tinha comentado anteriormente a questão do mandato de Zelensky, eleito em 2019, segundo a agência espanhola EFE.

"Com quem negociar? Não é uma questão trivial (...) A Rússia está consciente de que a legitimidade do atual chefe de Estado (da Ucrânia] expirou", disse o líder russo.

De acordo com as últimas sondagens divulgadas por Kiev, entre 70% e 80 % dos ucranianos apoiam o adiamento das eleições na situação atual de guerra com a Rússia, que invadiu o país em fevereiro de 2022.

Entre 60 e 65% apoiam o atual Presidente, apesar da queda da sua popularidade, segundo as sondagens, citadas pela .

Zelensky chegou esta terça-feira Lisboa para a sua primeira visita a Portugal, depois de ter estado na Bélgica e em Espanha.