A corrida que já teve mais de uma dúzia de candidatos chega à segunda volta com apenas dois nomes. E um deles leva um avanço tal que, se não houver uma surpresa hoje, poderá ser declarado vencedor sem precisar gastar mais uma gota de suor. A desistência do governador da Florida, Ron DeSantis, no domingo à noite, abre a porta a um frente a frente entre o ex-presidente norte-americano, Donald Trump, e a antiga governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, nas primárias de New Hampshire. Um último obstáculo para Trump, que tem as sondagens a seu favor e espera ver fechar já a corrida para a nomeação republicana.
Há muito que Haley queria ter a hipótese de ser a única adversária de Trump (recusou até participar em mais debates que não fossem com ele), mas na véspera das primárias de New Hampshire a desistência de DeSantis não foi a melhor notícia. O ex-presidente sempre surgiu à frente nas sondagens neste estado - onde ganhou em 2016 com 35% e em 2020 com 84% - mas a ex-embaixadora nas Nações Unidas tinha vindo a ganhar terreno aos poucos. Isso mudou na semana passada, após Trump arrasar nos caucus do Iowa, vencendo por mais 30 pontos percentuais.
Ontem, Haley surgia em duas novas sondagens a uma distância de dois dígitos de Trump - numa estava a 19 pontos, noutra a 18. E isto era com base em entrevistas feitas antes da desistência de DeSantis, que reunia 8% dos votos. Os eleitores do governador da Florida terão agora que escolher um novo candidato (apesar de ele continuar oficialmente no boletim de voto), sendo que é mais provável que apoiem o ex-presidente do que a sua única adversária.
Entre o original e a cópia - mais novo e com menos bagagem judicial, mas a mesma política - tinha já ficado claro que os eleitores republicanos preferiam ficar com Trump em vez de apostar em DeSantis. E apesar do segundo lugar no caucus do Iowa, as dificuldades em garantir financiamento já deixavam antever a desistência do governador da Florida, que há poucos meses surgia como o mais bem colocado para bater o ex-presidente. No final, e apesar dos muitos ataques durante a campanha, DeSantis declarou o seu apoio a Trump.
“É claro para mim que a maioria dos eleitores das primárias republicanas querem dar a Donald Trump outra hipótese”, disse o governador da Florida, no vídeo em que anunciou a suspensão da campanha. “Assinei uma promessa de apoiar o nomeado republicado e vou honrar essa promessa. Ele tem o meu apoio porque não podemos voltar à velha guarda republicana do antigamente, uma forma reembalada de corporativismo que Nikki Haley representa”, acrescentou. Trump agradeceu o apoio, dizendo que DeSantis fez uma “campanha muito boa” e anunciando que irá deixar de lhe chamar “DeSanctimonious” - uma brincadeira entre o nome do antigo adversário e a palavra que designa alguém que alega ser moralmente superior aos outros.