Já passava da meia-noite quando o Presidente da República indigitou Luís Montenegro como o novo primeiro-ministro, numa altura em que ainda não tinham sido revelados os resultados totais da contagem dos votos dos Círculos da Emigração no portal oficial do Ministério da Administração Interna. Marcelo Rebelo de Sousa não esperou e indigitou o líder da AD às primeiras horas de quinta-feira. Foi Montenegro quem pediu, uma vez que tinha de estar esta quinta-feira de manhã em Bruxelas.
"Não se pode controlar a contagem de votos e quando há recontagem não se pode dizer pára num determinado momento, portanto, terminou quando terminou", começou por dizer Marcelo numa deslocação à Futurália, na FIL, no Parque das Nações, em Lisboa.
A indigitação a uma hora tardia foi pedida pelo próprio Montenegro, uma vez que logo pela manhã tinha de viajar até Bruxelas.
"Era importante para o país que o primeiro-ministro indigitado participasse hoje em Bruxelas como futuro primeiro-ministro, se vier a formar Governo, em reuniões importantes", realçou o chefe de Estado. "Era importante que se encontrasse com o primeiro-ministro ainda em funções, com a presidente da Comissão Europeia, com os membros do PPE que irão estar amanhã no Conselho Europeu", acrescentou
"Como os temas são muito, muito pesados, tem a ver com tudo o que é importante: Ucrânia, Médio Oriente, abertura do caminho para negociações com vários países do leste da Europa, não fazia sentido que fosse indigitado estando em Bruxelas", argumentou, referindo que foi Montenegro quem pediu para que a indigitação ocorresse, apesar da hora tardia. "Quem tinha de fazer um sacrifício... foi ele que pediu que isso acontecesse, partiu de Lisboa à 1:00 hora para o Porto, onde foi apanhar o avião para Bruxelas"
Questionado sobre se é necessário acelerar o processo para que entre em funções um novo Executivo, uma vez que Portugal tem um Governo em gestão há vários meses, Marcelo afirmou: "Não... Tem corrido como devia correr e com uma grande naturalidade e normalidade".
Já esta manhã, em Bruxelas, Montenegro conversou com o primeiro-ministro cessante, António Costa, sobre a política europeia e externa de Portugal, assim como os preparativos para a transição de Governo.
"Estivemos a trocar algumas impressões, alguns aspetos relacionados com política europeia, com política externa, e a combinar também a forma como procederemos à transição", disse Luís Montenegro, enquanto caminhava pelo Parc Léopold com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, em Bruxelas.
Luís Montenegro acrescentou que, apesar das razões que levaram ao encontro desta quinta-feira, era habitual encontrar-se com António Costa na capital da Bélgica.
"Até posso confidenciar que nos temos encontrado quase sempre que há reuniões do Conselho Europeu, têm acontecido esses encontros, até aqui António Costa no exercício da sua função de primeiro-ministro e eu de líder da oposição, e a partir de agora com a assunção da responsabilidade, que ele teve até aqui, da minha parte, e ele com outros projetos seguramente", sustentou.