Open da Austrália
27 janeiro 2024 às 14h07
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Sabalenka. Um duplo título em nome do pai

Bielorrusa bateu Zheng Qinwen na final e venceu torneio pelo segundo ano consecutivo... sem perder um set.

Aryna Sabalenka, 24 anos, venceu este sábado pela segunda vez consecutiva o Open da Austrália, ao bater na final a chinesa Zheng Qinwen, por 6-3 e 6-2, em uma hora e 16 minutos. A número dois mundial realizou um torneio imaculado, onde não perdeu qualquer set nos jogos disputados em Melbourme. Uma história feliz que envolve um momento de superação e um desejo do pai, que morreu em 2019.

Sabalenka passou por um período muito complicado na carreira em 2022, um problema de saúde mental que a levou a pensar em desistir do ténis derivado de uma falta de confiança em si própria e por todo o envolvimento do conflito na Ucrânia (é natural da Bielorrúsia, país que apoia Rússia) - “cheguei a sentir que toda a gente me odiava devido ao país onde nasci”, confessou no documentário Break Point, da Netflix.

A tenista chegou mesmo a contar que depois de ter sido eliminada na terceira ronda de Roland Garros, recebeu mensagens a desejar a sua morte e da sua família. “Quando lemos mensagens com este conteúdo, pensamos que não dá mais. Toda a gente via que eu estava a perder o controlo. Não queria jogar mais ténis. Sinceramente, pensei mesmo que ia abandonar”, relatou na altura.

Foi então preciso agarrar-se a algo para recuperar todas as forças e a confiança. E essa luz foi um pedido feito pelo pai, um jogador de hóquei no gelo, que morreu repentinamente aos 43 anos em 2019. “Ele tinha um sonho, que passava por eu ganhar dois Grand Slams antes dos 25 anos. E quando ele morreu, comecei a pensar seriamente no assunto”, contou no mesmo documentário.

E esse desejo foi cumprido, revalidando este sábado o título no Open da Austrália aos 24 anos (completa 25 em maio), ela que conta ainda dois triunfos de pares em majors - Open dos Estados Unidos em 2019 e Austrália em 2021.

Na hora da consagração, não conseguiu disfarçar a sua plena felicidade misturada com um misto de emoção: “Foram duas semanas incríveis e não conseguia imaginar-me novamente com este troféu. É um sentimento inacreditável, estou sem palavras. Obrigado por estarem do meu lado, em todos os momentos. Sem vocês não seria capaz de alcançar tudo o que consegui.”

Antes do jogo, a tenista cumpriu um ritual que foi prática durante o Open da Austrália, que se tornou numa espécie de superstição: uma assinatura na careca do treinador Jason Stacy. “Fiz isto antes da primeira partida e, depois de vencer, disse ao Jason: ‘Bem, acho que é uma rotina agora’. Ele não está feliz com isso, mas entende”, brincou.

Este domingo realiza-se a final masculina do Open da Austrália, a primeira em 19 anos sem a presença de um dos Big Three - Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer. Jannick Sinner, na primeira final da carreira, vai tentar fazer história e ganhar o primeiro Grand Slam. Já Daniil Medvedev jogará a sua sexta final e vai tentar conquistar o segundo major, depois do Open dos Estados Unidos em 2021.

nuno.fernandes@dn.pt