Carlos Valente, antigo árbitro português que marcou presença nos Mundiais de 1986 e 1990, morreu esta quinta-feira vítima de doença prolongada. Tinha 77 anos.
"A Liga Portugal lamenta profundamente o falecimento do antigo árbitro internacional Carlos Valente, aos 77 anos de idade. Carlos Valente, que pertenceu à Associação de Futebol de Setúbal, esteve presente em dois Campeonatos do Mundo, em 1986 e 1990, tendo dirigido mais de 200 jogos oficiais ao longo da sua carreira na arbitragem. À família enlutada e a todos os amigos, a Liga Portugal endereça as mais sentidas condolências", reagiu a Liga.
Com quase 200 jogos a nível profissional, apitou ainda 132 jogos da I Liga e teve presenças na Liga dos Campeões e em fases de qualificação para Europeus e Mundiais.
Foi árbitro internacional durante dez épocas, numa carreira que durou 21 anos. Iniciou-se na arbitragem em 1973 e abandonou em 1994.
A 18 de junho de 1990, Carlos Valente dirigiu o último jogo da Argentina no Grupo B do campeonato do Mundo realizado em Itália, frente à Roménia (1-1), numa edição em que a seleção sul-americana chegou até à final, mas perdeu com a Alemanha.
“Arbitrar o Maradona e logo em Nápoles foi interessante, porque Nápoles era o mundo do Dieguito. Foi espetacular”, recordou na altura à agência Lusa
Para o antigo juiz, “era maior a sensação de felicidade por arbitrar o Maradona do que a seleção da Argentina”, que era a campeã do Mundo em título, porque “o Maradona era um grande ídolo”.
Em 1991 dirigiu um dos classicos mais quentes de sempre entre o FC Porto e o Benfica, numa partida onde foi agredido por adeptos portistas no túnel de acesso ao relvado. "Foi a situação mais difícil da minha carreira. O jogo em si correu bem. Não foi, sequer, um jogo duro. Mas no plano extradesportivo, passaram-se coisas muito duras que, espero não se voltem a repetir. Não estou interessado em recordar pormenores. Foi um jogo que envolveu algumas peripécias, feito em circunstâncias especiais e com a organização daquele tempo", contou anos mais tarde, em 2005, numa entrevista ao Correio da Manhã.