Desde que deixou a Casa Branca que Donald Trump se apresenta como uma “vítima”, alegando que as presidenciais de 2020 lhe foram “roubadas” e ser alvo de perseguição política, devido aos vários processos que enfrenta na justiça. Mas esta segunda-feira chega à Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, que o irá confirmar oficialmente como candidato às eleições de novembro, como uma verdadeira vítima, após ter sido alvo de uma tentativa de assassínio durante um comício na Pensilvânia.
Trump estava a criticar a imigração ilegal, poucos minutos após o início do discurso em Butler, quando se ouviram tiros. O ex-presidente disse na sua rede social, já depois de ter sido visto pelos médicos, que foi atingido “na parte superior da orelha direita”. O FBI classificou o ataque como uma “tentativa de assassínio”, mas investiga também como eventual caso de “terrorismo doméstico”. Um apoiante de Trump, antigo chefe dos bombeiros, de 50 anos, morreu e outras duas pessoas ficaram feridas.
“Soube imediatamente que algo estava errado, pois ouvi um zumbido, tiros e senti imediatamente a bala a rasgar-me a pele”, escreveu Trump na primeira reação na Truth Social. No vídeo do ataque vê-se como levou a mão à orelha antes de se esconder sob o púlpito e, ao ser levado pelos agentes dos Serviços Secretos, era visível algum sangue. Ontem voltou à rede social para pedir “união” aos norte-americanos , explicando que “o mal não deve vencer”. E alegou que “só Deus impediu que o impensável acontecesse”, mas deixou claro que não tem medo, aparentemente não ficando afetado com o que aconteceu.
O atirador, que disparou a arma semiautomática AR-15 do pai a partir de um telhado a menos de 150 metros de distância, foi abatido pelos Serviços Secretos. As autoridades identificaram-no como sendo Thomas Matthew Crooks, um jovem de 20 anos de Bethel Park, localidade a cerca de uma hora de distância de Butler. Segundo o The New York Times, estaria registado como republicano, mas também teria doado 15 dólares aos democratas. As razões por detrás do ataque ainda não são conhecidas, com a polícia a revelar que ele teria explosivos no carro e que na sua casa foi encontrado material para o fabrico de bombas.
Apesar de os agentes dos Serviços Secretos terem acorrido a proteger Trump - naquela que foi a primeira tentativa de assassínio de um presidente ou ex-presidente desde que Ronald Reagan foi atingido a tiro em março de 1981 -, havia este domingo quem já questionasse como tinha sido possível o atirador aproximar-se tanto sem ser intercetado.
Testemunhas ouvidas pelos media disseram ter visto o homem com a arma e tentado alertar a polícia. Os Serviços Secretos já abriram um inquérito, negando que tenha havido qualquer decisão de cortar na segurança de Trump. O FBI e o Departamento de Segurança Interna também estão a investigar.