Eleições municipais Brasil
07 outubro 2024 às 00h26
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Candidatos de Bolsonaro e Lula na segunda volta em São Paulo

Ricardo Nunes, apoiado pelo ex-presidente, e Guilherme Boulos, preferido do atual chefe de estado, acabam quase empatados. Mas um outsider ficou perto. No Rio, atual prefeito já está reeleito.

Os candidatos de Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) estão na segunda volta das eleições municipais em São Paulo. O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que teve o apoio do ex-presidente, somou 29,53%, pouco mais do que Guilherme Boulos (PSOL), o preferido de Lula, com 29,01%. A diferença foi de meros 30 mil votos entre mais de nove milhões de eleitores da cidade. Pablo Marçal (PRTB), um coach de extrema-direita que seduziu muitos bolsonaristas, ficou em terceiro com 28,15% e disputou até às últimas urnas a passagem à segunda volta.

"Agora há dois caminhos: manter a cidade como está ou optar pela mudança", reagiu Boulos. Tarcísio de Freitas, governador do estado de São Paulo e fiel apoiante de Nunes, disse que a vitória "é um prémio para quem se tem trabalhado tanto por São Paulo". 

Como maior cidade do país, a campanha em São Paulo é, de entre as 5569 cidades envolvendo mais de 155 milhões de eleitores que foram a votos neste domingo, a que mais espelha os temas nacionais e, por isso, vista como uma espécie de primária das eleições presidenciais de 2026, entre os campos lulista e bolsonarista. 

Lula, que votou numa escola de São Bernardo do Campo, a cidade nos arredores de São Paulo onde viveu e iniciou a carreira sindical, falou em “fake news”. “Tem agora o fenómeno das fake news, uma quantidade de mentiras, uma quantidade de provocações, candidatos que não têm nenhum compromisso com ninguém”, disse o presidente da República a propósito, deduz-se, de Pablo Marçal. O coach revelou na véspera da eleição um relatório médico de uma suposta internação de Boulos, em 2021, por uso de drogas que se revelou falsificada.

“Para o bem ou para o mal é o povo que vai escolher, se ele tiver boas informações, ele sempre vai escolher para o bem”, disse Lula, acompanhado dos ministros Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, e Luiz Marinho, do Trabalho, da primeira-dama, Janja da Silva, e do candidato do PT a prefeito de São Bernardo, Luiz Fernando Teixeira.

O ex-presidente Jair Bolsonaro votou numa escola do Rio de Janeiro mas também falou sobre as eleições em São Paulo. Perguntado se apoiaria Marçal numa eventual segunda volta, disse que “contra Boulos, estou com qualquer um”. Bolsonaro estava acompanhado dos filhos Carlos, vereador do Rio, e Flávio Bolsonaro, senador, além de Alexandre Ramagem, candidato à prefeitura da cidade.

Ramagem, porém, viu o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), apoiado por uma ampla coligação que incluiu o PT de Lula, ser reeleito à primeira volta com perto de 60% dos votos. Alexandre Ramagem, o candidato do PL, de Bolsonaro, ficou em segundo.

Noutras capitais importantes, como Salvador ou Recife, a eleição, ou melhor a reeleição, também já está decidida: na capital da Bahia, foi reeleito Bruno Reis, do União Brasil, de direita, e na capital de Pernambuco foi reeleito João Campos, do PSB, de centro-esquerda, filho de Eduardo Campos, candidato presidencial falecido na campanha de 2014.

Em Fortaleza, quarta cidade mais populosa (a terceira, a capital federal Brasília, não elege prefeito), André Fernandes, o candidato do PL, vai defrontar Evandro Leitão, o candidato do PT, na segunda volta, noutra espécie de primária para 2026.

De resto, o dia da votação registou muitos incidentes avulsos: as forças de segurança prenderam 108 eleitores e 36 candidatos por propaganda junto às urnas, três polícias foram detidos com 63 mil reais em dinheiro vivo, cerca de 10 mil euros, por suspeita de compra de votos e um vereador de Boa Vista, capital do Roraima, acabou numa delegacia por também transportar dinheiro vivo e uma arma ilegal.

Além disso, duas pessoas morreram de causas naturais nas seções de voto, uma em Alagoas e outra no Rio de Janeiro, e uma mulher foi esfaqueada pelo ex-marido quando votava mas não corre risco de vida.  

Apesar desses casos, a juíza Carmen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, falou em “dia tranquilo, sem ocorrências significativas”.