A biblioteca da Brotéria, na Rua de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto em Lisboa tem cerca de 160 mil livros. Até hoje foram restaurados 86 volumes antigos que se têm vindo a deteriorar com o passar do tempo. A recuperação de mais obras vai continuar e agora com uma “ajuda” de 50 mil euros, como resultado deste projeto de recuperação ter ganho o Prémio Gulbenkian Património 2024, atribuído recentemente. “Estamos radiantes e muito contentes porque é o reconhecimento de um trabalho muito grande que temos feito. É sobretudo o reconhecimento de um projeto que resolveu ser uma biblioteca e que apesar de ter uma quantidade de tesouros nacionais bastante interessantes, continua a estar viva, em diálogo e ao serviço desta casa de cultura”, afirma o diretor-geral da Brotéria, Padre Manuel Cardoso, em conversa com o DN.
Apesar do legado histórico, a biblioteca da Brotéria - que tem obras que vão da Botânica à História - não está fechada e continua a crescer. “Nós nunca paramos. Isto está sempre a andar e vamos continuar. A parte da higienização dos livros está praticamente concluída, mas temos ainda bastantes livros para restaurar, e alguns específicos aos quais nos queremos dedicar. Continuamos a receber livros todas as semanas ”, explica o diretor-geral da Brotéria, centro cultural de jesuítas portugueses em Lisboa, acrescentando que os livros desta biblioteca estão a ser reunidos há 120 anos pela Companhia de Jesus.
Manuel Cardoso mencionou que com este prémio da Gulbenkian, a primeira edição dos Les Misérablesde Vitor Hugo irá ser restaurada. Antes, já tinham restaurado a primeira edição dos Sermões de Padre António Vieira. E conta que o livro mais antigo da biblioteca é uma Summa Angelica de 1452. “É um livro que não é um livro, ou seja, é um chamado incunábulo, que são livros, antes da invenção da imprensa”. Este foi um 86 livros restaurados no projeto designado Biblioteca da Brotéria - Limpeza, Higienização e Restauro do Livro.