Se na computação clássica, um 'bit' é 0 ou 1, na computação quântica há o 'qubit', que está "num estado complexo" e que tanto pode ser 0, 1, ou 0 e 1 ao mesmo tempo - uma sobreposição de estados.
"Obriga a um repensar da computação desde o início", nota.
Nesse sentido, desenvolve ferramentas que permitam a músicos e artistas poderem trabalhar e criar música com recurso à computação quântica mesmo que não percebam ou dominem a sua linguagem de programação, naquela que é uma tecnologia nova e longe de estar num estado maduro de desenvolvimento.
"Com 300 'qubits' seria possível representar mais estados do que o número de átomos no universo", salienta OCH, para demonstrar a potencialidade da computação quântica, explicando que, por enquanto, estes são mecanismos altamente sensíveis, que exigem grandes capacidades de controlo e o seu próprio estado vai decaindo.
Se há uma parte prática, concreta, de música criada a partir de computação quântica, há também um lado abstrato e teórico que aproxima OCH de todo este processo.
"Aquilo me move não é só contribuir para perceber a vantagem quântica, mas também obter inspiração", vincou, referindo que há uma vertente do estado quantum que o fascina: a possibilidade de "uma coisa estar em dois lugares ao mesmo tempo".
Entretanto, já lançou o EP "/Equations of Coltrane", com outro músico americano que também trabalha a intersecção da música com a computação quântica, Scott Oshiro, num duo intitulado NpHz.
A referência a John Coltrane não cai do céu, já que é conhecido o diagrama do saxofonista norte-americano que explorava a relação entre semitons, com o físico e músico Stephon Alexander a argumentar que o conhecimento do autor de "Giant Steps" da teoria da relatividade e da física permitiu-lhe expandir a sua própria forma de abordar o jazz.
Neste momento, está a criar uma rede de artistas criativos interessados em utilizar estas tecnologias emergentes (https://community.quantumland.art), ao mesmo tempo que procura desenvolver um campo de estudo na área.
No fundo, todo o trabalho de OCH vem da ideia de "perceber o universo e a realidade", admite.
"Gostava imenso de poder conseguir descrever todo o processo de geração de som, nos seus múltiplos significados. O que é que realmente faz a música existir e o som existir?", pergunta.