Apesar de não comentar oficialmente números de vendas para Portugal, certo é que os smartphones Google - os Pixel - se mantêm um nicho no mercado mundial de telemóveis tendo mesmo no seu melhor mercado, os EUA, visto uma queda da sua quota, neste primeiro trimestre, para menos de 2%, segundo o último relatório da consultora Counterpoint Research.
Há, no entanto, alguns sinais de que as coisas podem mudar de rumo. Por um lado, notícias de que o Japão adotou muito rapidamente a linha Pixel 8, com as vendas a subirem 527% neste país, de 2022 para 2023. Por outro lado, o recém-lançado Pixel 8a - o telemóvel com IA “barato” da Google - tem potencial para atrair mais público a um conjunto de ferramentas que não encontram facilmente noutros aparelhos.
Isto desde que o fabricante norte-americano tenha, de facto, cumprido, no mundo real, a promessa escrita no papel de introduzir num aparelho com um preço-tabela de 559 euros a mesma qualidade de experiência que o Pixel 8, um aparelho que custava quase o dobro, em outubro, quando foi lançado.
Após termos estado uma semana a experimentar o 8a podemos afirmar, sem dúvidas: sim.
Há francamente muito pouca coisa a não gostar neste telefone, especialmente quando nos lembramos tratar-se de um aparelho de 500 euros. Claro que seria preferível que o corpo não fosse em plástico - e neste apelo ao sentido tátil, nos últimos tempos, nada bateu o (infelizmente chamado) Redmi Note 13 Pro+ (5G).
E ainda que o ecrã OLED de 6,1 polegadas (1080 x 2400) - com refrescamento até 120Hz (variável) - anuncie um brilho máximo até 2000 nits ou 1400 em HDR, o resultado prático é menos satisfatório do que o obtido com o 8 ou o Pro. Lado a lado, vê-se estarmos perante um telemóvel mais económico, até pela moldura negra (bezel) maior em redor do ecrã.
Não estamos a dizer que o display do 8a não tem qualidade - é aliás, a primeira vez que a Google coloca uma versão que eles chamam Actua num modelo “a”, é no lado a lado que se sente a maior diferença. Em algum sítio se teve de cortar, evidentemente.
Onde, no entanto, é como se estivéssemos perante um topo de gama é no funcionamento, em especial nos serviços de Inteligência Artificial integrados, importados dos modelos de topo.
Como aqui escrevemos por altura do anúncio à imprensa do aparelho, o 8a vem equipado com o mesmo processador do 8 e do 8 Pro, o Tensor G3, desenhado pela própria Google para estar otimizado a correr algoritmos de IA, em especial de captura e tratamento de imagem.
O resultado é que tanto em fotografia diurna como em modo Visão Noturna, as fotos são indistinguíveis das tiradas com o Pixel 8 Pro. (Houve até casos em que, imagens captadas com segundos de diferença, com o telemóvel mais barato ficaram ligeiramente melhores - a luz modificou um pouco.)