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13 maio 2024 às 17h24
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O telefone certo para entrar no universo Google Pixel

O novo aparelho de entrada da gama de smartphones da marca norte-americana não desilude. O Pixel 8a executa, no mundo real, aquilo que nos prometeram, sem falhas, e muita IA.

Apesar de não comentar oficialmente números de vendas para Portugal, certo é que os smartphones  Google - os Pixel - se mantêm um nicho no mercado mundial de telemóveis tendo mesmo no seu melhor mercado, os EUA, visto uma queda da sua quota, neste primeiro trimestre, para menos de 2%, segundo o último relatório da consultora Counterpoint Research.

Há, no entanto, alguns sinais de que as coisas podem mudar de rumo. Por um lado, notícias de que o Japão adotou muito rapidamente a linha Pixel 8, com as vendas a subirem 527% neste país, de 2022 para 2023. Por outro lado, o recém-lançado Pixel 8a - o telemóvel com IA “barato” da Google - tem potencial para atrair mais público a um conjunto de ferramentas que não encontram facilmente noutros aparelhos.

Isto desde que o fabricante norte-americano tenha, de facto, cumprido, no mundo real, a promessa escrita no papel de introduzir num aparelho com um preço-tabela de 559 euros a mesma qualidade de experiência que o Pixel 8, um aparelho que custava quase o dobro, em outubro, quando foi lançado.

Após termos estado uma semana a experimentar o 8a podemos afirmar, sem dúvidas: sim.

Há francamente muito pouca coisa a não gostar neste telefone, especialmente quando nos lembramos tratar-se de um aparelho de 500 euros. Claro que seria preferível que o corpo não fosse em plástico - e neste apelo ao sentido tátil, nos últimos tempos, nada bateu o (infelizmente chamado) Redmi Note 13 Pro+ (5G).

E ainda que o ecrã OLED de 6,1 polegadas (1080 x 2400) - com refrescamento até 120Hz (variável) - anuncie um brilho máximo até 2000 nits ou 1400 em HDR, o resultado prático é menos satisfatório do que o obtido com o 8 ou o Pro. Lado a lado, vê-se estarmos perante um telemóvel mais económico, até pela moldura negra (bezel) maior em redor do ecrã.

Não estamos a dizer que o display do 8a não tem qualidade - é aliás, a primeira vez que a Google coloca uma versão que eles chamam Actua num modelo “a”, é no lado a lado que se sente a maior diferença. Em algum sítio se teve de cortar, evidentemente. 

Onde, no entanto, é como se estivéssemos perante um topo de gama é no funcionamento, em especial nos serviços de Inteligência Artificial integrados, importados dos modelos de topo.

Como aqui escrevemos por altura do anúncio à imprensa do aparelho, o 8a vem equipado com o mesmo processador do 8 e do 8 Pro, o Tensor G3, desenhado pela própria Google para estar otimizado a correr algoritmos de IA, em especial de captura e tratamento de imagem.

O resultado é que tanto em fotografia diurna como em modo Visão Noturna, as fotos são indistinguíveis das tiradas com o Pixel 8 Pro. (Houve até casos em que, imagens captadas com segundos de diferença, com o telemóvel mais barato ficaram ligeiramente melhores - a luz modificou um pouco.)

Foto captada com o Pixel 8 Pro, modo retrato.
Foto do 8a, também retrato. Caso em que o mais barato ficou "melhor".

O mesmo se aplicou às ferramentas Melhor Take (que permite escolher o melhor rosto de cada participante numa foto de grupo, desde que tiradas uma série de fotografias); o Editor Mágico (deixa apagar ou redimensionar elementos numa fotografia em poucos cliques, com a IA a preencher o espaço em falta de forma realista); ou a Borracha Mágica de Áudio (permite suprimir ou apagar sons indesejados nos vídeos). Tudo aqui funciona tão bem - e tão rapidamente - quanto no aparelho mais caro que a Google tem no mercado.

O mesmo se aplica a uma das mais recentes invenções para telemóvel do gigante das buscas na internet: o Circundar para Pesquisar. Uma novidade lançada há quatro meses em conjunto com a Samsung, para o S24, ao mesmo  com os Pixel 8 e 8 Pro - e que vai progressivamente chegando a modelos mais económicos. Ao carregar na barra central do ecrã, este “congela”, permitindo selecionar com o dedo qualquer elemento - uma imagem, um texto... - e automaticamente lançar daí uma pesquisa Google. Experiência própria: é algo que, depois de se usar, não se quer outra coisa.

O 8a inclui ainda as funcionalidades do Assistente de Chamadas com tecnologia de IA, tais  como o Filtro de Chamadas, Direct My Call, Colocar em Espera e as Chamadas Nítidas, que vêm dos “irmãos” mais velhos, mas estes são serviços que não estamos a utilizar com frequência suficiente para darmos uma opinião avalizada.

Ainda a imagem... e a bateria

Por não ter uma terceira câmara teleobjetiva - o 8a vem equipado com uma câmara grande-angular de 64 Megapíxeis (MP), com abertura de ƒ/1,89 e uma secundária Ultrawide de 13 MP, com abertura de ƒ/2,2 -, o mais barato da família Google simplesmente não faz focagem Macro. Se é daqueles utilizadores que gosta de fotografar coisas muito pequenas ou em muito aproximado, o melhor mesmo é optar pelo Pro.

Grande aproximação ao nariz do gato em baixa luminosidade via Pixel 8 Pro - o 8a não tem capacidade para Macro.

Também o melhoramento de imagem nos vídeos a que a Google chama Video Boost - que é um serviço na nuvem - ficou vedado a este modelo mais barato.

A bateria do 8a aguentou-se bem durante um dia de utilização “normal”, mas o carregamento sem fios qi é muito bem-vindo num aparelho desta gama.

Quanto à autonomia, o Pixel 8a aguentou-se perfeitamente ao que considerámos “dias normais” de utilização. De qualquer forma, a compatibilidade com o carregamento sem fios qi é algo muito bem-vindo, especialmente num telemóvel deste preço, pois permite largar o aparelho em cima de uma destas bases onde quer que se pare (casa, escritório, carro...) e não pensar mais na questão.

Com garantia da Google de que este modelo, tal como o 8 e o 8 Pro, irá receber durante sete anos atualizações de sistema e de segurança, este aparelho apresenta-se assim como uma boa aposta para quem estaria interessado em embarcar no “comboio” Pixel, mas estava hesitante em fazer um investimento mais avultado.

Só que, a não ser que seja um absoluto indefetível dos iPhones, depois de experimentar “brincar” com as fotos nestes aparelhos, com a ajuda da IA, é bem capaz de não querer outra coisa.