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10 novembro 2024 às 17h35
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Vigília contra o antissemitismo reúne dezenas em Lisboa

Concentração contou com cerca de 50 pessoas, incluindo o Embaixador de Israel em Portugal, Oren Rosemblat.

Um grupo de cerca de 50 pessoas reuniu-se no Largo São Domingos, na Baixa de Lisboa, por volta das 15:00 deste domingo, para uma vigília contra o antissemitismo. A concentração foi convocada na sequência dos confrontos em Amesterdão na última quinta-feira (7), entre adeptos do emblema israelita Maccabi Tel Aviv e grupos de residentes na cidade neerlandesa. Para os que compareceram na vigília em Lisboa, o ocorrido foi um claro caso de antissemitismo por parte dos grupos locais.

"Vejo o que ocorreu em Amsterdão como uma caça aos judeus, basta ver as imagens nas redes sociais e na televisão para perceber que foi algo orquestrado. Aconteceu no âmbito de um jogo de futebol, mas poderia ter ocorrido em qualquer outra situação que fosse social ou política e envolvesse a comunidade judaica", afirmou Isaac Assor, membro da Comunidade Israelita de Lisboa.

Memorial das Vítimas Judias, em Lisboa. Leonardo Negrão.

Não só membros da comunidade judaica em Portugal estiveram presentes na vigília. Ligia Martins, por exemplo, é cristã, e esteve na concentração, realizada ao redor do Memorial às Vítimas Judias, para se mostrar solidária com o povo judeu e Israel.

"Como cristã, tenho a obrigação de ser apoiante de Israel, afinal, se me digo cristã, a pessoa que mais amo é Jesus Cristo, que é decendente de judeu: tenho que os defender e os amar. E não faço isso por obrigação, mas sim porque amo Israel, amo o povo judeu e por isso estou aqui", disse Martins, que revelou já ter estado em Israel em quatro oportunidades diferentes.

A vigília foi organizada pela jornalista Helena Ferro de Gouveia, que viveu na Alemanha por duas décadas, onde conta ter aproximado a sua relação com a história do Estado de Israel. Gouveia afirmou que a concentração foi realizada como um ato de solidariedade com o que diz ser uma ofensiva antissemita sofrida pelo povo judeu, distanciando-se de um discurso de apoio às políticas do Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

"Isso não é um ato político, até porque tenho muitas discordâncias com o atual Governo Israelita. Mas é um ato humanitário, estamos aqui em solidariedade com a comunidade judaica em Portugal e em todo mundo", declarou.

Apesar de a manifestação não ter tido bandeiras partidárias, o deputado Pedro Frazão (Chega) foi uma das caras a participarem na iniciativa. Frazão posou para fotos com o Embaixador de Israel em Portugal, Oren Rosemblat, e declarou ao DN que esteve na manifestação "à paisana", apenas para se representar a ele próprio. 

"Vim prestar minha solidariedade à comunidade israelita portuguesa e a minha preocupação por tudo aquilo que se está a passar na Europa: hoje em dia o discurso de ódio está muito fixado numa certa extrema-esquerda anti-israelita, antissemita e que deve preocupar a Europa", sublinhou o deputado, que viu o episódio em Amesterdão como um caso de "perseguição".

No final da concentração, que durou cerca de 40 minutos, e já com a presença de Oren Rosemblat, que chegou no final da concentração, os presentes entoaram os hinos de Portugal e de Israel.

Oren Rosemblat, Embaixador de Israel em Portugal conversa com Helena Ferro de Gouveia.
Foto de Leonardo Negrão.

Ao redor de bandeiras dos dois países, um cartaz com os dizeres "nunca mais" e velas que formavam um coração amarelo no chão, Rosemblat agradeceu a presença de todos, declarando que "há um soldado em cada um que apoia os judeus e Israel".

"Somos diferentes dos judeus frágeis de Lisboa do século XVI. Vamos combater essa doença [antissemitismo] onde quer que ela se manifeste: no mundo, na Europa e em Portugal", finalizou o embaixador, antes de deixar sob uma salva de palmas as imediações da vigília, que decorreu de forma pacífica.