Passadas mais de duas décadas sobre os maiores atentados terroristas de sempre nos EUA, hoje ainda 36% dos americanos dizem estar preocupados com a possibilidade de serem vítimas de terrorismo. Longe dos 59% que confessavam esse receio em outubro de 2001, um mês depois do ataque que matou quase 3000 americanos, quando piratas do ar desviaram quatro aviões e os lançaram contra as Torres Gémeas em Nova Iorque, contra o Pentágono e um que se despenhou num campo da Pensilvânia, mas bem acima dos 24% de abril de 2000, um ano antes dos atentados reivindicados pela Al-Qaeda de Bin Laden. Com a América e o mundo em choque, o momento era de união dentro e fora de portas. Hoje, a data mantém todo o seu simbolismo, mas são uns Estados Unidos profundamente divididos que vão assinalar o 23.º aniversário do atentado.
“O 11 de Setembro continua a ter - e suspeito que tenha para sempre - um impacto profundo e duradouro. Outros assuntos têm vindo a criar ondas de preocupação, internos e externos, mas o 11 de Setembro foi um ataque contra almas inocentes e entrou na nossa psique coletiva”, explica Katherine Vaz.
Apesar de hoje viver em Nova Iorque, foi na sua Califórnia natal que a escritora, de origem portuguesa, soube dos atentados. “Costumo levantar-me cedo e a primeira coisa que vi foram notícias que uma amiga de Nova Iorque me enviou” e garante: “Toda a gente que conheço está ligado a alguém que estava nas Torres e sobreviveu ou a alguém que morreu. Tenho uma amiga que tinha saído tarde na véspera e quando ia para o trabalho naquele dia recebeu uma chamada para não apanhar o metro para o World Trade Center e sobreviveu. Outro amigo conseguiu sair da segunda torre antes de ela cair. Uma amiga perdeu o marido. Temos todos uma história.”
Também Francisco Resendes está convencido de que se se fala menos do 11 de Setembro do que há uns anos: o ataque “é um acontecimento incontornável na História do país e do mundo, o dia em que os Estados Unidos sofreram o maior ataque no seu território desde o bombardeamento à Base de Pearl Harbor, no Havai, em 1941, continuando bem vivo na memória de todos os americanos”.
Recordando que foi depois dos atentados de 2001 que surgiram medidas de segurança que ainda se mantêm até hoje, por exemplo nos aeroportos ou no acesso a edifícios público, bem como “leis, procedimentos e a criação de departamentos federais em nome da Guerra ao Terror, que moldou a estratégia de política externa norte-americana e redefiniu o conceito de segurança nos EUA”, o diretor do jornal Portuguese Times garante que “a História recente dos EUA conta-se em dois capítulos: o pré-11 de Setembro e o pós-11 de Setembro.