A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) anunciou esta segunda-feira várias ações de protesto para 2025, como uma manifestação em Lisboa com viaturas das 468 corporações de bombeiros voluntários, caso não consiga um acordo com o Governo sobre as principais reivindicações.
As ações de protesto, que passam por recusas na realização de altas hospitalares nas ambulâncias dos bombeiros voluntários e uma manifestação em Lisboa com viaturas, foram decididas no sábado pelo Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses e anunciadas esta segunda-feira.
"Depois de termos consultado todas as federações [distritais de bombeiros], o Conselho Nacional chegou à conclusão que estão reunidas um conjunto vasto de queixas que a Liga quer resolver com o Governo. Caso não consiga, temos que ir para medidas mais assertivas para que a população perceba que os bombeiros estão mal", disse à Lusa o presidente da LBP.
António Nunes sustentou que os bombeiros voluntários estão "a dar prazos suficientemente latos para que se possa negociar tudo" com os ministérios da Saúde e da Administração Interna.
Em causa está, segundo o responsável, o subfinanciamento permanente dos corpos de bombeiros na área da saúde, em que existem dois problemas, designadamente o protocolo com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e o transporte de doentes não urgentes em ambulâncias com macas.
O presidente da Liga explicou que ainda não obteve qualquer resposta do INEM sobre o acordo que está previsto assinar, desconhecendo as corporações de bombeiros quanto vão receber no próximo ano.
"Temos agora as 100 ambulâncias, mas de resto não mandaram mais nada. Não sei quanto querem pagar para o próximo ano", disse.
Atualmente o INEM paga mensalmente a cada corporação de bombeiros que tem uma ambulância do INEM 6.690 euros, reclamando agora a LBP um pagamento de 7.150 euros em janeiro do próximo ano, com duas atualizações em abril e em dezembro.
A LBP quer que as corporações recebam do INEM 8.000 euros mensais em dezembro de 2025, além de ainda não terem sido entregues as 200 ambulâncias prometidas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica.
Ainda na área da saúde, a LBP exige um aumento de 3,50 euros por cada transporte de doentes não urgentes em ambulâncias com macas.
Caso não exista um acordo com o Ministério da Saúde sobre estas duas questões, os bombeiros voluntários não vão fazer altas hospitalares nos dias 10, 11 e 12 de fevereiro de 2025.
As outras reivindicações estão relacionadas com o Ministério da Administração Interna (MAI) e dizem respeito à carreira e estatuto remuneratório, seguros e apoios ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR).
"Se até 09 de março não houver acordo faremos uma manifestação em que cada federação vai enviar a Lisboa o número de viaturas equivalentes ao número de corpos de bombeiros no distrito para que estejam a desfilar 468 [número de corpos de bombeiros voluntários] viaturas de bombeiros", disse António Nunes.
No início de outubro, o MAI anunciou a criação de um grupo de trabalho para preparar uma proposta de carreira, benefícios, regalias e formação para os bombeiros voluntários e profissionais das Associações de Bombeiros Voluntários (ABV).
António Nunes disse que apenas foi feito o anúncio do grupo de trabalho, que terá a LBP com uma dos representantes, "mas ainda não foi feito mais nada".
"O MAI disse que em 60 dias estava tudo resolvido, o que dava até ao final do ano, mas ainda não publicou o despacho", frisou.
O presidente da LBP afirmou ainda que o aumento em 50 euros do salário mínimo nacional em 2025 vai ter "um impacto nas associações humanitárias de 10 milhões de euros".
Questionado sobre se estão a fazer ameaças ao Governo, António Nunes respondeu que "a LBP não ameaça ninguém".
A LBP representa as 468 associações humanitárias dos corpos de bombeiros voluntários do país.