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Tumultos na Grande Lisboa
27 novembro 2024 às 19h56
Leitura: 3 min

Tiago: "Hoje foi um dia de alívio. Espero que as pessoas que me atacaram sejam condenadas"

O motorista do autocarro incendiado fala no dia em que a PJ interrogou suspeitos do crime. E conta em exclusivo ao DN: "Apontaram-me uma arma à cabeça".

"Um dia de alívio". É assim que Tiago Cacais, o motorista do autocarro da Rodoviária incendiado com cocktais  molotov na madrugada de 24 de Outubro, no que seria o mais grave de uma série de atos de vandalismo, aparentemente concertados e perpetrados em resposta à morte de Odair Moniz, baleado por um polícia, descreve, ao DN, o que sentiu ao saber que a PJ deteve, esta quarta-feira, quatro suspeitos, três deles por suspeitas fortes. 

"Espero que as pessoas que me atacaram sejam condenadas, criminal e civilmente", diz Tiago. Ainda hoje me pergunto: "Porquê a mim. Os responsáveis terão de pagar pelo que fizeram", continua.

Após ter passado quatro semanas internado no hospital, chegando a estar com prognóstico muito reservado, Tiago recorda todos os pormenores do que viveu. Inclusivamente, conta que lhe apontaram uma pistola à cabeça.

"Paro o autocarro na última paragem. Abro as três portas. Os passageiros saem. Pouco depois, ouço uns barulhos. Vejo que um grupo de pessoas vem em direção ao autocarro. Algumas delas trazem uma garrafa em cada mão. Pressinto o perigo. Tento fechar as portas do autocarro e não consigo. Uma dessas pessoas entra pela porta do meio. Aproxima-se de mim e aponta-me uma arma à cabeça. Olho em frente. Diz-me que não posso sair do autocarro. Sai de imediato. Tento de novo fechar as portas. Volto a não conseguir.  Começam então a atirar garrafas [com combustível] para o interior do autocarro pela porta dos passageiros. Vejo o combustível a escorrer na direção da rua. E aí um deles acende um isqueiro”, conta em exclusivo ao DN.

Tiago Cacais não tem dúvida das intenções dos atacantes: "Sabiam bem o que estavam a fazer. A certa altura, percebi que iria morrer ali".

Agora, Tiago só quer que as coisas voltem à máxima normalidade possível. "Faço questão de voltar ao trabalho. Quero continuar a ser motorista. As minhas mãos estão queimadas, mas a primeira coisa que pensei quando saí do coma, cheio de dores, dores horríveis, foi: quero voltar ao meu trabalho", garante ao DN.

Notícia retificada às 20.34. Não se confirmam 10 detidos suspeitos, o número será menor.