Há perigo de "danos para a saúde mental"
17 junho 2024 às 13h24
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Cirurgião-geral dos EUA defende avisos de saúde nas redes sociais para alertar sobre potenciais riscos nos utilizadores mais novos

Para Vivek Murthy, as redes sociais acarretam potenciais "danos para a saúde mental dos adolescentes". Defende, por isso, a inclusão de avisos de saúde pública nas diferentes plataformas, tal como já acontece nos maços de tabaco.

"Para a segurança dos nossos filhos, as plataformas de redes sociais precisam de um aviso de saúde." É o que defende o cirurgião-geral dos Estados Unidos num artigo de opinião publicado esta segunda-feira no The New York Times.

A frase que dá título à opinião de Vivek Murthy resume o que defende e o que quer levar ao Congresso norte-americano. Isto porque, considera o cirurgião-geral dos EUA, um cargo que se pode comparar aos de diretores-gerais da Saúde em Portugal, as redes sociais acarretam o risco de "danos para a saúde mental dos adolescentes".

Nesse sentido, Murthy pretende que o Congresso exija às empresas de redes sociais, como Facebook, TikTok e Instagram, a obrigatoriedade da inclusão de avisos de saúde pública nas diversas plataformas, de modo a alertar sobre os efeitos na saúde mental dos utilizadores adolescentes.  

A preocupação não é de agora. No ano passado, o gabinete de Murthy emitiu um alerta de saúde pública sobre a utilização das redes sociais e os possíveis efeitos nos utilizadores adolescentes. Já nessa altura, o cirurgião-geral dos EUA dirigiu-se às plataformas de redes sociais para a necessidade de terem como prioridade a segurança e a privacidade no desenvolvimento dos seus produtos, mas também a aplicação de requisitos de idade mínima.

Vivek Murthy volta agora a alertar para consequências nefastas da utilização das redes sociais nos mais novos, pedindo às empresas que incluam avisos de saúde pública, tal como já acontece, por exemplo, nos maços de tabaco.

"O rótulo de aviso do cirurgião-geral, que exige uma ação do Congresso, recordaria regularmente aos pais e aos adolescentes que as redes sociais não são comprovadamente seguras", lê-se no artigo de opinião.

Murthy considera que "as evidências dos rótulos do tabaco mostram que os avisos do cirurgião-geral podem aumentar a consciencialização e mudar o comportamento". Ainda assim, defende, as advertências deste tipo são limitadas, não fazem das redes sociais plataformas seguras.

No artigo de opinião, o cirurgião-geral dos EUA refere-se à investigação de especialistas que comprova os potenciais riscos para a saúde mental que os adolescentes podem enfrentar se passarem muito tempo nas redes sociais e diz que os pais estão sozinhos nesta luta.

No texto, Murthy associa, por exemplo, a quantidade de tempo passado nas redes sociais ao risco, cada vez maior, de sintomas de ansiedade e depressão nos utilizadores mais novos.

"Estes danos não são uma falha da força de vontade e da educação dos pais", defende no texto que assina. Considera que os potenciais riscos para a saúde dos adolescentes são a consequência "de uma tecnologia poderosa sem medidas de segurança, transparência ou responsabilidade adequadas".

Murthy defende também a necessidade de uma maior cooperação entre as empresas de redes sociais e os especialistas na área da saúde. "Além disso, as empresas devem ser obrigadas a partilhar todos os seus dados sobre os efeitos na saúde com cientistas independentes e com o público - atualmente não o fazem - e permitir auditorias de segurança independentes", defende ainda.

Tópicos: EUA, Redes sociais, Saúde