SAG Awards
25 fevereiro 2024 às 10h08
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"Oppenheimer" mais perto dos Óscares ao vencer prémios do Sindicato dos Atores

A produção milionária da Universal Pictures recebeu a estatueta de Melhor Elenco em Filme - o prémio mais cobiçado na 30ª edição dos SAG Awards, que pela primeira vez foram transmitidos ao vivo na plataforma Netflix. "Oppenheimer" chegará aos Óscares, a 10 de março, com 13 nomeações e um rol extenso de vitórias. 

O épico de Christopher Nolan "Oppenheimer" triunfou esta madrugada nos Prémios do Sindicato dos Atores, em Los Angeles, cimentando o favoritismo na corrida aos Óscares depois de ganhar quase tudo esta temporada.

A produção milionária da Universal Pictures recebeu a estatueta de Melhor Elenco em Filme -- o prémio mais cobiçado -- na 30ª edição dos SAG Awards, que pela primeira vez foram transmitidos ao vivo na plataforma Netflix. 

"Este é um momento de círculo completo para nós", declarou o ator Kenneth Branagh, que falou em nome dos atores de "Oppenheimer", lembrando que a última vez que estiveram todos juntos foi na estreia do filme a 14 de julho, pouco antes do início da greve que paralisou Hollywood em 2023.

"Não vimos o filme e saímos da passadeira vermelha em direção à solidariedade convosco", disse Branagh. "Receber este reconhecimento num ano de conquistas espetaculares por parte de toda a gente nesta sala, os nossos amigos e heróis atores, significa tudo para nós", acrescentou.

"Oppenheimer" chegará aos Óscares, a 10 de março, com 13 nomeações e um rol extenso de vitórias. 

Antes da consagração final nos prémios SAG, o protagonista Cillian Murphy já tinha vencido a estatueta de Melhor Ator Principal pela interpretação de J. Robert Oppenheimer.

"Isto é extremamente especial para mim porque vem de vocês", disse Murphy, ecoando o sentimento que os vencedores foram expressando ao longo da noite por serem reconhecidos por pares. 

"Este foi o melhor grupo de atores com que alguma vez tive o prazer de trabalhar", afirmou, lembrando que há 28 anos, quando começou a tentar seguir a carreira de ator, era um "músico falhado". 

Também Robert Downey Jr. ganhou a estatueta de Melhor Ator Secundário pelo seu papel em "Oppenheimer", no qual interpretou Lewis Strauss. 

"Porquê eu, porquê agora? Porque é que as coisas estão a correr-me de feição?" questionou Downey Jr., que tem vencido repetidamente na temporada e apostado no humor nos discursos. "Ao contrário dos meus colegas nomeados, nunca me vou fartar de ouvir o som da minha própria voz", gracejou. 

Na categoria de Melhor Atriz Principal, foi Lily Gladstone quem arrebatou a estatueta que noutras cerimónias foi entregue a Emma Stone por "Pobres Criaturas". 

Num triunfo que pode sinalizar a direção da Academia, Gladstone foi distinguida pelo papel de Mollie Burkhart em "Assassinos da Lua das Flores", o épico de Martin Scorsese. 

A atriz de origem indígena iniciou e encerrou o seu discurso de aceitação com palavras na língua Blackfeet, da tribo com o mesmo nome a que a pertence. 

"Meus caros atores, sinto o bom naquilo que vocês fizeram, naquilo que fazem", afirmou Gladstone. "Este foi um ano difícil para todos nós", lembrou, numa menção à greve de quase quatro meses.

"É verdadeiramente uma dádiva podermos viver disto, essa é a vitória", considerou. "Trazemos empatia a um mundo que precisa muito dela", sublinhou. "Nós continuamos a sentir, de forma corajosa, e isso humaniza as pessoas, tira-as das sombras e dá-lhes visibilidade", acrescentou.

A atriz urgiu os contadores de histórias a "continuarem a dizer as suas verdades e a falarem uns pelos outros".

A Melhor Atriz Secundária voltou a ser Da'vine Joy Randolph, por "Os Excluídos", continuando a tendência de outras cerimónias -- Critics Choice Awards, Globos de Ouro e BAFTA. 

A atriz fez um discurso de aceitação apaixonado em defesa da profissão e dos sonhos daqueles que ainda não conseguiram chegar onde desejam. 

"Em que outra profissão poderíamos viver tantas vidas", questionou. "Acordo todos os dias cheia de gratidão por ser uma atriz com trabalho", disse. 

Randolph foi distinguida pela interpretação de Mary Lamb no filme de Alexander Payne. "Para todos os atores que ainda estão por aí à espera, a vossa vida pode mudar num só dia. Continuem", exortou. 

Barbra Streisand recebeu ainda o Prémio Carreira e foram entregues várias estatuetas em televisão.

"Succession”, “A Rixa” e “The Bear” conquistam quase tudo em televisão

A última temporada de “Succession” obteve a consagração final nos SAG Awards ao vencer Melhor Elenco em Série Dramática. 

É a estatueta que equivale a prémio de melhor série do ano numa cerimónia onde são os atores que premeiam outros atores. 

“Um último viva”, disse Alan Ruck, que deu corpo a Connor Roy durante quatro temporadas e fez o discurso de vitória em nome de todo o elenco. 

“Vocês estão a olhar para algumas das pessoas mais sortudas do planeta, e algumas das mais gratas”, afirmou o ator, considerando que “Succession” foi uma das melhores séries de sempre da televisão. 

“A magia de ‘Succession’ é que a escrita era tão fabulosa que nos inspirou todos a trazermos as melhores prestações desde o início", continuou. “Conseguimos apanhar um relâmpago dentro de uma garrafa”, acrescentou.

Nas categorias de interpretação, os prémios em drama foram divididos: Elizabeth Debicki levou a estatueta de Melhor Atriz em Série Dramática por “The Crown” e Pedro Pascal venceu Melhor Ator em Série Dramática por “The Last of Us”. 

Ao aceitar, Pascal protagonizou um dos discursos mais inusitados da noite. Disse que estava bêbedo e usou um palavrão para expressar o seu contentamento, aproveitando que a Netflix não tem as mesmas regras de linguagem que os canais generalistas. 

“Não consigo lembrar-me dos vossos nomes agora”, admitiu, lembrando que faz parte do Sindicato dos Atores desde 1999. “Vou ter um ataque de pânico e vou-me embora”, acrescentou.

Em comédia, tudo como esperado tendo em conta as tendências da temporada de prémios: “The Bear” venceu Melhor Elenco, Melhor Ator (Jeremy Allen White) e Melhor Atriz (Ayo Edebiri). 

“Sinto-me tão honrado por fazer parte desta comunidade”, expressou Jeremy Allen White. “Quis fazer parte desta comunidade toda a minha vida. Não tinha plano B”, revelou o ator, que começou muito cedo na carreira. 

White disse sentir-se “incrivelmente emocionado” por estar em palco a receber o reconhecimento dos seus pares. 

Ayo Edebiri ecoou o sentimento de gratidão e disse que estar ali a ser premiada era “de loucos”. 

Na categoria de Filme para Televisão ou Minissérie, “A Rixa” voltou a ganhar, tal como nas outras entregas de prémios da temporada. Ali Wong, que foi Melhor Atriz, agradeceu à mãe de 83 anos a paciência que teve com ela quando lhe disse que queria fazer comédia ‘stand-up’. 

Steven Yeun, Melhor Ator na mesma categoria e pela mesma série, recordou como o primeiro emprego como ator que lhe permitiu entrar no Sindicato dos Atores foi um anúncio para uma marca de chocolates. 

“Senti-me tão entusiasmado por receber aquele cartão quanto por receber agora este prémio”, gracejou. 

Numa cerimónia com apresentação de Idris Elba que durou pouco mais de três horas, Barbra Streisand recebeu o Prémio Carreira e mostrou-se emocionada pela distinção. 

“Lembro-me de sonhar em ser atriz quando era adolescente, sentada no meu quarto em Brooklyn a comer gelado de sabor a café e a ler uma revista de cinema”, contou. “De alguma forma, tudo se realizou”, acrescentou.

Membro do Sindicato dos Atores há mais de 60 anos, Streisand frisou que é “um privilégio” fazer parte desta profissão e lembrou que muitos dos criadores da indústria chegaram a Hollywood fugidos da perseguição aos judeus na Europa. 

“Sonho com um mundo onde tais preconceitos são coisas do passado”, afirmou Streisand. “Sempre acreditei no poder da verdade”, acrescentou.