Nesta sexta-feira, 19, o Clube Mulheres de Negócios em Língua Portuguesa (MNLP) dá um passo ousado: inaugura um espaço físico em Lisboa, onde está sediado, e lança uma campanha para tornar o português um idioma "oficial" para internacionalização de negócios e serviços.
A brasileira Rijarda Aristóteles, fundadora e atual presidente do clube, define a iniciativa como uma forma de "inclusão de fato" de milhões de mulheres empreendedoras. "Quando trazemos a questão da internacionalização através da língua portuguesa, estamos visibilizando milhões de mulheres que estão lá no Brasil, que têm seus negócios, produtos e serviços prontos para internacionalizar e não o fazem por conta de não falar outro idioma", explica ao DN Brasil.
A ideia surge a partir das experiências do próprio MNLP, que funciona como um hub de conexões entre empreendedoras - sejam ainda micro ou grandes -, prestadoras de serviço e fornecedoras de produtos. "Temos uma empresária fantástica, a Teresa, que é embaixadora do nosso clube lá em Cascavel, interior do estado Ceará. Ela faz negócio com uma embaixadora nossa na Filadélfia, a Simone, que também fala português. A Teresa não precisa falar inglês, porque a Simone já fala. Se não fosse a língua portuguesa, o produto da Teresa, alimentos típicos do Nordeste derivados da banana, jamais chegaria aos Estados Unidos", conta a presidente.
Atualmente com cerca de 300 "embaixadoras" como são designadas as integrantes que assumem o compromisso de fazer negócios umas com as outras, o clube tem impacto direto em outras 300 mulheres, que recebem apoio em diversas áreas para conseguirem empreender. Essa rede é formada por participantes que vivem em 18 países diferentes, "muito mais do que aqueles que falam português oficialmente", ressalta.
Para promover o potencial da língua para negócios internacionais, a presidente do clube afirma que vão ser realizadas ações nas redes sociais e sensibilização de entidades ligadas ao setor. No Brasil, já há diálogos abertos com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Em Portugal, o MNLP ainda vai identificar agentes para a conversa. Para isso, a fundadora do clube espera contar com mais abertura do país para a variante brasileira do idioma.
"Portugal tem que se apropriar do fato de ter um gigante como o Brasil que fala o português, e não dizer que nós falamos brasileiro. É abraçar a diversidade da língua. Enquanto nós ficamos nos degladiando por bobagem, estamos deixando de fazer negócios e de realmente abraçar essa diversidade, essa riqueza. A gente tem que unir, não separar".