Quando todos pensavam que o preço dos carros elétricos estava a baixar, afinal aumentou. O preço médio dos elétricos mais vendidos na Europa tem estado a subir desde 2020, contra todas as expetativas, apesar da descida significativa do custo das baterias e da concorrência asiática. Mas esperam-se boas notícias para 2025, já que o mercado antecipa uma quebra de preços a partir do próximo ano, com maior influência dos automóveis de marca chinesa no volume de vendas, mas também da disponibilização de modelos mais acessíveis por parte dos construtores europeus.
A Federação Europeia de Transportes T&E estima que os veículos elétricos representem entre 20% a 24% do mercado já no próximo ano, sobretudo graças ao lançamento previsto de cerca de uma dúzia de modelos com preços abaixo dos 25 mil euros nos próximos anos.
Se em 2020 o preço médio de um veículo na UE era de cerca de 40 mil euros (antes de impostos), este ano subiu cerca de 11% para 45 mil euros, indica uma análise da T&E deste mês, que teve por base as vendas de carros na Alemanha.
Quando se tenta encontrar uma explicação para esta evolução pouco lógica e contrária às expetativas dos consumidores, ela esconde-se nas opções tomadas pela indústria automóvel. As marcas têm reforçado a sua aposta em novos modelos cada vez maiores e do segmento premium, que custam também cada vez mais, concluiu aquela análise. Com efeito, as vendas de VE dos segmentos C, D e acima - que diz respeito aos SUVS e veículos de gama alta - mais do que duplicaram nos últimos quatro anos, passando de um quota de mercado de 28% para 64% em 2024. Ou seja, são claramente dominantes. Tal não significa que não existam no mercado veículos elétricos a preços em torno dos 20 mil ou 23 mil euros, como acontece em Portugal, mas representam uma minoria na mobilidade elétrica, que ainda é essencialmente burguesa.
Entre o grupo de fabricantes que contribuiram de modo mais expressivo para a subida dos preços médios encontram-se a Mercedes-Benz e a BMW, que aumentaram em mais 55% e 50%, respetivamente, o preço dos veículos, revela o estudo da T&E. Já no outro extremo, a Volvo Cars e o grupo Stellantis contrariam aquela tendência, tendo oferecido modelos mais acessíveis, com um custo de menos 31% no primeiro caso, e menos 4%, no segundo. Em Portugal alguns dos modelos citadinos mais baratos podem adquirir-se a partir dos 20.400 euros, antes de impostos, (Dacia Spring) ou dos 23.300 euros (Citroen C3), só para citar dois exemplos.