"No início do atual mandato [2021], identificámos cerca de duas mil casas vagas, em propriedade municipal, tendo tomado desde logo a decisão prioritária de reabilitar esse património para o devolver às famílias que dele necessitam”, começa por dizer ao DN Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML).
O autarca afiançou, há poucos dias, que estaria em condições de ajudar o Governo no “flagelo” da habitação. À margem da inauguração de uma clínica do projeto Lisboa + Saúde, na Alta de Lisboa, afirmava Moedas que há “muitos edifícios vazios” na capital e que a câmara “pode reconstruir”.
No entanto, tendo em conta o trabalho que a autarquia tem vindo a fazer junto do património municipal devoluto, neste momento sobram sobretudo imóveis privados. No final de 2023, existiam em Lisboa, segundo dados oficiais da CML, 2854 imóveis privados devolutos. Destes, 1158 estavam totalmente devolutos e 1696 estavam parcialmente devolutos. Considerando um universo de 55 mil edifícios em toda a cidade de Lisboa, a percentagem de imóveis devolutos representava 5,19% do edificado da capital, no final do ano passado.
Já os imóveis totalmente devolutos correspondem a 2,1% do edificado e os imóveis parcialmente devolutos corresponde a 3,08%. Podem parecer pequenas percentagens, em termos absolutos, mas dada a grave crise habitacional que a cidade, e todo o país atravessa, todas as casas contam.
No caso destes imóveis, referem-se, na sua esmagadora maioria, a património privado, podendo incluir, segundo a autarquia, “casos pontuais de imóveis parcialmente do Estado Central. Nestes números não se incluem os imóveis que sejam exclusivamente do Estado, nem património municipal”. E, para a sua recuperação, só mesmo os proprietários poderão agilizar o processo.
A CML revelou, ao DN, os números exatos de imóveis devolutos, por freguesia, da cidade. Apenas Marvila não consta deste mapa. Dos dados apresentados, destaca-se a freguesia de Arroios, na zona central da cidade, como a que tem maior quantidade de imóveis privados devolutos: 290. Segue-se Santa Maria Maior, também na Baixa, com 269, e a Estrela, com 216.