O presidente francês Emmanuel Macron frisou na segunda-feira que o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia não deve "ser descartado" no futuro, anunciando ainda uma coligação para a entrega de mísseis de médio e longo alcance a Kiev.
A Rússia reagiu esta terça-feira. "Não é de todo do interesse destes países. Eles devem estar cientes disso", disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin aos jornalistas, afirmando que a simples menção da possibilidade dos países ocidentais enviarem tropas para território ucraniano constitui "um novo elemento muito importante" no conflito.
Questionado sobre quais os riscos de um conflito direto entre a Rússia e a NATO, caso os países membros da Aliança Atlântica decidam enviar as suas tropas para a Ucrânia, Peskov, citado pelo The Guardian, afirmou: “Nesse caso, precisaríamos falar não sobre a probabilidade, mas sobre a inevitabilidade" de um conflito direto.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, também já fez saber que "não há planos" para o envio de tropas da Aliança Atlântica para a Ucrânia.
"Os aliados da NATO estão a fornecer um apoio sem precedentes à Ucrânia. Temos feito isso desde 2014 e intensificado após a invasão em grande escala", disse Stoltenberg em declarações à AP.
O governante francês referiu, numa reunião de alto nível que o próprio convocou em Paris na segunda-feira, e na qual Portugal esteve representado pelo primeiro-ministro, António Costa, que foi decidido avançar com "uma economia de guerra" e "criar uma coligação para ataques profundos e, portanto, mísseis e bombas de médio e longo alcance".
Ainda antes do encontro, o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, avançou que alguns países ocidentais estão a considerar acordos bilaterais para enviar tropas para a Ucrânia.
Macron, por sua vez, não descartou o envio de forças militares para a Ucrânia, embora tenha reconhecido que neste momento não há consenso a esse respeito.
"Não há consenso hoje para enviar tropas terrestres de forma oficial, assumida e endossada. Mas dinamicamente, nada deve ser excluído. Faremos tudo o que for necessário para garantir que a Rússia não possa vencer esta guerra", explicou o Presidente francês, citando uma "ambiguidade estratégica" que aceita.
"Não disse de todo que a França não era a favor disso", vincou ainda.
Macron aludiu a "cinco categorias de ação" nas quais as autoridades europeias concordaram em investir recursos: "a ciberdefesa, a coprodução de armas e munições na Ucrânia, a defesa dos países diretamente ameaçados pela Rússia, em particular, a Moldova, e a capacidade de apoiar a Ucrânia na sua fronteira com a Bielorrússia e em operações de desminagem".
O governante apontou que os aliados de Kiev devem "fazer mais" no que diz respeito ao envio de recursos militares para a Ucrânia.
"Existem várias opções em cima da mesa, como a emissão conjunta de dívida" para a Ucrânia, explicou.
Considerado a "prioridade das prioridades" as munições, Macron garantiu que os aliados estão "determinados a chegar ao fim das reservas disponíveis".
"De acordo com a nossa análise (...). A Rússia continua a guerra e a sua conquista territorial, contra a Ucrânia, mas contra todos nós em geral (...). Estamos convencidos de que a derrota da Rússia é essencial para a segurança e a estabilidade em Europa", sublinhou.